Segundo dia de protesto na fronteira

Manifestantes mantiveram bloqueada, pelo segundo dia consecutivo, a ponte Tancredo Neves, que liga Puerto Iguazú, na Argentina, a Foz do Iguaçu, no Brasil. Ontem, eles também contaram com o apoio de outros setores da economia da cidade, a mais prejudicada pelas medidas do governo argentino de cobrar taxa de migração dos turistas e aumentar o preço do combustível para estrangeiros.

Em solidariedade ao protesto, parte do comércio de Puerto Iguazú fechou as portas, fazendo um alerta de como poderá ser o futuro da cidade com as medidas adotadas pelo governo, já que o movimento caiu 90%, de acordo com a Câmara de Comércio e Turismo de Puerto Iguazú. A cidade argentina vive exclusivamente do turismo e sua economia era aquecida pela visita de brasileiros que cruzavam a fronteira para abastecer seus automóveis, uma vez que o combustível era até 50% mais barato que no Brasil.

?Foz e Ciudad del Este tiveram um crescimento extraordinário em poucos anos, enquanto Puerto Iguazú, o primeiro povoado das três fronteiras, praticamente parece uma vila miserável?, disse o comerciante Evaristo Barrozo.

A manifestação ganhou o apoio de taxistas brasileiros e paraguaios, que aproveitam a ocasião para reivindicar o fim da taxa aduaneira de 2 pesos (aproximadamente R$ 1,50), cobrada dos táxis que passam pela alfândega entre as 19h e as 7h do dia seguinte.

Muitos brasileiros que passaram o final de semana na Argentina ainda não conseguiram voltar para casa, pois guias turísticos, comerciantes e taxistas impedem a passagem de carros e pedestres pela ponte e prometem só liberar quando o governo voltar atrás de sua decisão. Segundo a Polícia Federal de Foz do Iguaçu, já está sendo formada uma grande fila de ônibus e caminhões nas proximidades da ponte. Os manifestantes liberaram a passagem de pedestres por meia hora na manhã de ontem e prometiam permitir a passagem de pedestres também à noite. Muitos turistas brasileiros aproveitaram a brecha e deixaram os ônibus para cruzar a ponte a pé.

À tarde, uma informação de que o presidente argentino Néstor Kirchner estaria reunido com senadores para discutir a situação animou os manifestantes, mas eles asseguraram que só encerrarão o protesto quando ouvirem do governo argentino uma proposta concreta para resolver o problema. ?Vamos ficar até o governo ceder porque isso é uma vergonha nacional?, disse o representante da Associação de Direito Humanos e Justiça da Argentina, Alejandro Sosa.

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