O secretário Municipal da Saúde, Adriano Massuda, afirmou nesta segunda-feira (29), na Câmara de Vereadores, que são “inadmissíveis” os erros que culminaram na morte de uma mulher à espera de atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Fazendinha, em Curitiba, na terça-feira (23). O representante da prefeitura foi convidado a falar no Legislativo municipal pelo presidente da casa, Ailton Araujo (PSC), e pela presidente da Comissão de Saúde, Noemia Rocha (PMDB).

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Massuda afirmou que os quatro auxiliares de enfermagem envolvidos no atendimento de Maria da Luz das Chagas dos Santos, de 38 anos, foram afastados preventivamente até o término da sindicância para apurar o caso, que tem prazo de até 30 dias para ser concluída.

O secretário também afirmou que há um parecer de agosto de 2013 que regulamenta a obrigatoriedade de atendimento ao redor das unidades de saúde, o que se enquadra no caso da paciente que morreu na última terça-feira. Massuda informou que reforçou essa orientação aos demais postos de atendimento de saúde após o incidente.

“Estamos indignados com a possível omissão de socorro dos profissionais que estavam escalados para realizar o atendimento”, disse o secretário, informando que o tempo que a paciente esperou para ser atendida indica que houve omissão. Segundo ele, Maria foi classificada inicialmente como paciente verde, cujo tempo de espera médio é de 2 horas.“Isso também será alvo da sindicância. Mas, a princípio, ainda não podemos emitir qualquer avaliação. Vamos ouvir os profissionais e familiares”, disse ele.

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A presidente da Comissão de Saúde da Câmara dos Vereadores, Noemia Rocha (PMDB) esteve na UPA Fazendinha na última quinta e disse que há sinais claros de negligência. Ela ainda afirmou ainda que ouviu reclamações sobre falta de funcionários. “Sabemos o défict de profissionais no nosso sistema de saúde. E ouvimos que naquela unidade a situação não é diferente”, disse a vereadora. A comissão se reunirá com o secretário municipal de Saúde na próxima terça-feira (30) para discutir o caso.

Segundo Massuda, a UPA Fazendinha está na lista das unidades que receberão novos médicos a partir da próxima quinta-feira (2).” Tem UPAs com mais carência de médicos, como a do Sítio Cercado. Ao todo, serão 35 novos médicos já no dia 2. Além disso, ontem realizamos concurso para 69 médicos que irão trabalhar nas unidades básicas de saúde”.

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O caso

Maria da Luz das Chagas dos Santos, de 38 anos, morreu na semana passada após esperar atendimento por cerca de quatro horas. Ela, que tinha quatro filhos, chegou à unidade por volta das 19 horas, sentindo fortes dores na cabeça e no peito, e morreu por volta das 23 horas. Segundo o boletim de ocorrência registrado pelo marido de Maria da Luz, a mulher foi maltratada pelos funcionários da unidade. Para aliviar as dores crescentes da esposa, os dois foram até a farmácia em frente a UPA comprar remédios.

Na calçada da farmácia a mulher passou mal e caiu no chão, o que fez o marido voltar à unidade para pedir socorro. O homem pediu ajuda para mais de três pessoas na UPA, que afirmaram não poderem sair do local para atender a paciente. Ele então foi orientado a buscar ajuda com os Bombeiros ou com o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu). Nenhum dos dois serviços se deslocou até o local, sob alegação de, por ser em frente a uma unidade de saúde, não haver necessidade de enviar uma viatura. Os funcionários da farmácia teriam ajudado o marido a levar Maria até a UPA utilizando uma cadeira de rodas, mas ela não resistiu e morreu.