Secretaria da Segurança negocia desocupações

Seguindo um cronograma de desocupação de terras, a Secretaria de Estado da Segurança Pública encaminhou ontem tropas da Polícia Militar para promover o cumprimento de mandados de reintegração de posse em duas fazendas localizadas na região Central do Estado. Neste ano, a Secretaria da Segurança já promoveu 24 desocupações de terra em todo o Estado, entre áreas urbanas e rurais. Todas foram realizadas de forma pacífica.

O governo do Estado está buscando, através de uma negociação junto às lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a desocupação pacífica das fazendas Sonda, em Santa Maria do Oeste, e Império, em Cândido de Abreu. A desocupação dessas duas propriedades poderá ser finalizada ainda hoje.

As áreas

A Fazenda Sonda, em Santa Maria do Oeste, que fica a 89 km de Guarapuava, foi ocupada no dia 12 de maio deste ano por cerca de quinhentos integrantes do MST. A propriedade de 500 alqueires teve o mandado de reintegração de posse emitido pela Justiça no dia seguinte à ocupação.

Já a Fazenda Império, em Cândido de Abreu, que fica a 116 km de Guarapuava, foi ocupada no dia 15 de novembro de 1999 por cerca de 350 integrantes do MST. A propriedade de 1.800 hectares também teve o mandado de reintegração de posse emitido pela Justiça no dia seguinte à ocupação.

Sem-terra protestam contra reintegração

São Miguel do Iguaçu

(AE) ? Trabalhadores rurais sem-terra saíram às ruas ontem em vários municípios do Paraná em protesto contra a ordem de desocupação da Fazenda Sonda, em Santa Maria do Oeste, na região Central do Estado. O pedágio de São Miguel do Iguaçu, no Oeste do Estado, na BR-277, foi liberado para a passagem de veículos das 14 às 18h. Rodovias foram fechadas por alguns minutos.

De acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), cerca de 4 mil trabalhadores se mobilizaram em pelo menos dez municípios. A ordem de reintegração de posse não havia sido cumprida até o início da noite de ontem. A Secretaria da Segurança Pública do Paraná confirmou que policiais foram levados para a fazenda, ocupada desde o dia 12 de maio deste ano, mas a orientação é negociar com os sem-terra uma saída pacífica.

Ocupação

De acordo com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a área foi ocupada por 280 trabalhadores rurais em fevereiro. No entanto, ao saber da possibilidade de desocupação, o acampamento dos sem-terra inchou com a presença de pessoas das redondezas.

“Os sem-terra vão resistir”, disse o secretário-executivo da CPT, Jelson Oliveira. “Eles já plantaram e não vão querer sair.”

Violência

Em uma nota, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Terra de Direitos e a CPT afirmam que mais de mil policiais estariam cercando a fazenda, que abrigaria aproximadamente 2 mil sem-terra. “A polícia está a cerca de 100 metros do acampamento, com muitos cães e armas de grosso calibre”, diz a nota.

As entidades afirmam ter recebido informações de que também devem ser despejadas as 85 famílias que ocupam desde 1999 a Fazenda Império, em Cândido de Abreu, na região Central. “Estranhamos esta atitude do governo do Paraná e tememos que a violência volte a imperar no campo pelas mãos da PM”, afirma a nota. “Responsabilizamos o governo do Estado por qualquer ato de violência que venha a ocorrer nas próximas horas e cobramos a imediata suspensão das operações de despejo, com a conseqüente retirada da polícia e a reabertura do diálogo com o MST.”

ReintegraçõesNa segunda-feira, o governador Roberto Requião (PMDB) disse que já havia comunicado o fato à direção do MST e vinha cumprindo a determinação de que, para cada nova propriedade ocupada, seriam feitas três reintegrações de posse. Na semana passada, os sem-terra ocuparam a Fazenda Castelo, em Cascavel, no Oeste do Estado.

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