Governador

“Se pudesse, fecharia a fronteira com São Paulo”, diz Ratinho Jr sobre controle da pandemia

Governador do Paraná, Ratinho Jr. Foto: Rodrigo Felix Leal / AEN

A divisa do Paraná com São Paulo, epicentro dos casos de covid-19 no Brasil, tem sido motivo de preocupação do governo do estado desde o início da pandemia. A ponto de o governador Ratinho Jr (PDS) declarar que, se pudesse, fecharia a divisa não só com São Paulo, mas também com Mato Grosso do Sul e Santa Catarina.

“Se eu tivesse autoridade, mas a lei não me permite, de fechar a fronteira com São Paulo e outros estados vizinhos, possivelmente eu teria feito. Mas não tenho como proibir a pessoa de vir de São Paulo para o Paraná e nem de ir do Paraná para São Paulo. Então o vírus está circulando”, declarou o governador quinta-feira (9) em entrevista ao jornal Meio-Dia Paraná, da RPC.

“Essa divisa com São Paulo faz com que o Paraná esteja numa situação em que a gente tem que estar muito alerta para evitar que se perca o controle da pandemia”, reforça Ratinho Jr.

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São Paulo tem 349.715 casos confirmados de infecção, quase 20% do total do Brasil, de acordo com o boletim epidemiológico daquele estado de quinta-feira. Já as mortes por coronavírus no estado vizinho são 17.110.

Entretanto, pela falta de testagem em massa, a estimativa da prefeitura de São Paulo é de que só na capital paulista o número de infectados seja sete vezes maior do que a contagem oficial, com possivelmente 1,2 milhão de infectados. A título de comparação, o Brasil inteiro tem oficialmente 1,7 milhão de infectados, de acordo com o Ministério da Saúde.

Na entrevista à RPC, o governador afirmou que o trânsito de pessoas entre Paraná e São Paulo é muito grande e preocupa. “Muitas pessoas vêm de São Paulo visitar parentes no Paraná. E muitas vezes são os paranaenses que vão para lá”, aponta o governador.

Ratinho Jr disse ainda que os comerciantes que vão à capital paulista comprar produtos para abastecer suas lojas é uma das principais preocupações. Isso porque mesmo sendo o epicentro da covid-19 no país, o estado vizinho está com o comércio liberado, inclusive em locais de grandes aglomerações.

“Temos gente que vai fazer compras no Brás, na Rua 25 de Março para abastecer suas lojas e acabam importando o vírus aqui pro estado”, alerta o governador, referindo-se a dois pontos de comércio popular em São Paulo com grandes concentrações de pessoas.

Paraguai

Sobre o fechamento de todas as divisas, Ratinho Jr citou a eficiência do Paraguai no controle da pandemia. Com uma quarentena severa e fechamento de todas as fronteiras que perduram desde o início da pandemia, o país fronteiriço com o Paraná tem uma das menores taxas de infecção da América Latina.

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Até quinta-feira, o Paraguai tinha apenas 20 mortes e 2.638 infecções. Só o estado do Paraná tem 14 vezes mais infecções e 83 vezes mais mortes: até quinta-feira, o Paraná tinha 37.001 casos confirmados e 1.677 óbitos. Em um único dia, na última quinta-feira (9), o Paraná teve 1.677 casos confirmados, mais do que a metade de todos os casos do Paraguai.

“Se eu pudesse fazer como o Paraguai fez, que fechou, não entra e não sai ninguém, teríamos uma ilha”, comentou Ratinho JR. “Mas vivemos em uma república onde você não tem como proibir o ir e vir das pessoas, não tem como fazer um fechamento em que o vírus não vá se propagar. Esse é o nosso dilema”, avalia o governador.


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