Saúde alerta pais sobre intoxicação de crianças

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) aproveita a semana do Dia das Crianças, hoje, para dar início a uma campanha inédita de orientação à população sobre os cuidados para evitar o envenenamento de crianças. Uma das principais ações da secretaria é conscientizar os pais sobre o perigo da exposição de crianças a produtos químicos.

“A preocupação é pertinente porque as crianças menores que passam mais tempo em casa podem ter problemas de envenenamento por produtos químicos utilizados para limpeza, além de inseticidas, raticidas e, mesmo, remédios”, disse o secretário de Estado da Saúde, Cláudio Xavier. As 22 regionais de saúde vão realizar, durante toda semana, um trabalho de prevenção através da distribuição de folders e cartazes informativos.

A Secretaria da Saúde apontou que os cerca de 3.500 casos de intoxicação e envenenamento registrados no Paraná de 1998 a 2002 envolveram crianças de até 14 anos, dos quais 44% eram bebês ou crianças de até três anos. Esses dados foram levantados junto às 22 regionais de saúde do Paraná e centros de informações toxicológicas de Curitiba, Londrina e Maringá.

“Os casos de envenenamentos acontecem no ambiente doméstico, onde encontramos com freqüência medicamentos, plantas, alguns animais e muitos produtos químicos. A falta de cuidado com esses produtos tem vitimado principalmente as crianças menores de cinco anos”, afirmou a bióloga e chefe da Divisão de Zoonoses e Intoxicação da Secretaria da Saúde, Gisélia Rúbio.

Segundo ela, esses acidentes podem ser evitados com cuidados básicos. Os produtos perigosos devem ser guardados em armários trancados, longe de alimentos, do alcance de crianças e de animais domésticos e nunca em locais como criado-mudo, cabeceira da cama ou armários baixos sem chave.” Esses produtos não devem ser guardados em embalagens de refrigerantes, potes ou frascos vazios. As embalagens de produtos perigosos nunca devem ser reutilizadas.

Sintomas

A bióloga conta que sintomas como repentino mal súbito, vômito, desmaio, convulsão ou respiração difícil podem indicar intoxicação. Se o veneno estiver no ambiente deve-se abrir portas e janelas para ventilar o local e retirar as pessoas do ambiente contaminado. Se o contato for com a pele, é preciso retirar roupas e sapatos da pessoa atingida e lavar bem a área afetada com água corrente, sem esfregar.

Em caso de contato com os olhos é preciso lavar com água corrente ou soro fisiológico. “Se o veneno for ingerido, nunca devem ser provocados vômitos se a vítima estiver desmaiada ou em convulsão, se for criança com menos de dois anos, ou se o produto ingerido for inseticida líquido, querosene, gasolina, solventes, substâncias caustica ou ácidos em geral”, diz Gisélia. Ao contrário do que algumas pessoas pensam, não se deve dar leite à criança.

Em todos os casos de envenenamento é preciso procurar a unidade de saúde mais próxima para a orientação adequada. Quando for possível, levar o produto ou o nome do produto que causou o envenenamento junto com a vítima. Em casos de dúvidas, tanto da comunidade como da classe médica, consultar os Centros de Informações Toxicológicas. No Paraná eles funcionam em Curitiba (0800-41-0148), Londrina (43-371-2244), Maringá (44-225-8484).

Remédios respondem por 39%

Além do envenenamento por produtos químicos, outra preocupação são as intoxicações causadas por superdosagem de medicamentos. As crianças menores de quatro anos têm sido as principais vítimas desse tipo de envenenamento. Hoje, no Paraná, os medicamentos estão relacionados a 39,4% dos casos de envenenamento em crianças. As principais causas são o descuido dos pais, automedicação e falta de atenção. Muitas vezes, as crianças tomam remédios sem os pais saberem por acharem “bonito” ou “colorido”.

Os principais medicamentos envolvidos nos envenenamentos em crianças são os descongestionantes nasais, analgésicos, comprimidos anticoncepcionais, medicamentos para asma e sedativos. Já os idosos normalmente cometem erros de administração e automedicação, envolvendo principalmente, sedativos, antidepressivos e medicamentos para doenças cardiovasculares.

Segundo Gisélia Rubio, algumas medidas devem ser adotadas para evitar os casos de envenenamento, como sempre consultar um médico antes de dar algum medicamento para as crianças. “Nem sempre os medicamentos prescritos para uma pessoa servem para outra, mesmo que os sintomas sejam os mesmos”, explica. “E nunca diga para a criança que remédio é doce ou balinha, porque isso acaba incentivando as crianças a tomarem medicamentos sozinhas.”

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