Rodovia PR-SC repleta de buracos e acidentes

Quem for ao litoral pela rodovia que liga Garuva (SC) a Guaratuba (PR) precisa ter muito cuidado. Vários pontos da estrada estão esburacados. Um deles, no quilômetro 15, chega a medir 1,45 m de diâmetro e 20 cm de profundidade. Ontem um motorista perdeu o controle do carro e acabou saindo da estrada. Não houve feridos. Segundo informações da Polícia Rodoviária Estadual do Paraná, o DER (Departamento de Estradas de Rodagem) de Santa Catarina já começou a operação tapa-buracos.

O pior trecho da rodovia pertence ao Estado de Santa Catarina (SC-415). É nele que está a cratera que fez Noêmia dos Santos sair da estrada. “Fui desviar, mas acho que o pneu passou por dentro do buraco, então perdi o controle. Foi muito rápido”, conta. Ela mora em Itapoá e ia para Joinville. Lembra que da última vez que passou pelo local, o buraco era menor. Se ela estivesse correndo mais poderia até ter capotado. “Devia estar a 60 km/h”, afirma.

Outro incidente aconteceu com Lindaura da Costa e a sua família. Ela estava voltando para Curitiba depois de passar seis dias na praia. Na rodovia, um caminhão passou dentro de alguns buracos e as pedras voaram, rachando todo o pára-brisas do veículo. “Não sei como a gente vai fazer para ir embora. Não dá para dirigir assim”, reclamava.

O tenente Marcelo Rock Fávero, da Polícia Rodoviária Estadual (PRE), disse que ocorreram 24 acidentes desde o dia 20 de dezembro, só no trecho que pertence a Santa Catarina. De acordo com ele, a maioria estava relacionada às condições da estrada, inclusive um com vítima fatal. No total, foram doze pessoas com ferimentos médios a graves.

Devido às reclamações dos usuários, a Polícia Rodoviária acionou o DER do Paraná que pediu ao DER de SC soluções para o trecho. Segundo o tenente, ontem mesmo começaria uma operação para tapar os buracos. No Paraná, a rodovia (PR-412) está em melhores condições, mas apresenta alguns trechos irregulares.

Além de veranistas quem reclama das condições da estrada são os comerciantes. José Kozinski percorre a via abastecendo com doces as bancas e lojas à beira da estrada. Conta que precisa trafegar com cuidado para não causar danos ao seu veículo. Ele prevê que se o problema não for resolvido o comércio será prejudicado. “O turista não vai mais querer vir por aqui. Vai preferir pagar pedágio”, comenta. Elvi Kaghofer, outra comerciante, concorda. “Por enquanto o movimento está normal, mas pode diminuir. Se a estrada estivesse boa tinha chances até de aumentar”, diz.

Número aumentou nas BRs no Estado

O número de acidentes em rodovias federais no Paraná cresceu 41,6% em 2002, no comparativo com 2001. Este foi o maior índice registrado em todo o Brasil. No País houve um aumento de 6,15% no número de acidentes e de 7,92% no número de mortes. Dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) apontaram mais de 76 mil multas aplicadas no ano passado. A grande maioria por falta de atenção do motorista e excesso de velocidade. Nos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Pará e Amapá o número de acidentes diminuiu.

Conforme o chefe do Núcleo de Operações Especiais da PRF no Paraná, inspetor Iraci Gehrke Huy, o número de acidentes cresceu de 5.359 em 2001 para 7.593 ano passado. A quantidade de acidentes com vítimas cresceu 0,98%. O número de feridos teve uma redução de 2,3%, caindo de 4.038 para 3.945. A quantidade de mortos também subiu para 298, um aumento de 2,05% em relação às 292 mortes registradas em 2001.

O número de multas também cresceu. Em 2001 foram 3.072, já no último ano foram 3.649. Gehrke afirmou que a maioria foi por excesso de velocidade.

O inspetor explicou que a metodologia das estatísticas influenciou no crescimento do número de acidentes. “Antes os pequenos acidentes, sem vítimas, não eram computados. Desde o ano passado eles passaram a fazer parte das estatísticas”, explicou, destacando que o número de acidentes sem vítimas cresceu de 2.716 para 4.924, o que influenciou no resultado final.

Gehrke disse o local mais delicado para o trabalho da PRF é a BR-277 no trecho entre Guarapuava e Foz do Iguaçu, onde a pista é simples. As BRs 277 e 376 quando dão acesso ao litoral também são alvo de preocupação da PRF. “Na BR-116 o movimento é constante durante todo o ano. Em dezembro, janeiro e fevereiro é pior, pois é temporada de férias e chove muito”, contou o inspetor, destacando que para a operação verão a PRF designou maior numero de policias nas estradas e está usando até um helicóptero.

“A recomendação que nós podemos dar aos motoristas é que observem bem o local de deslocamento e as condições que ele oferece”, concluiu Gehrke. (Lawrence Manoel)

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