Caminhar à beira da Rodovia dos Minérios é uma experiência assustadora. A estrada que liga Curitiba a Almirante Tamandaré, Itaperuçu e Rio Branco do Sul tem intenso movimento de carros e caminhões, passa por áreas densamente habitadas, mas não conta com nenhuma estrutura para os pedestres. Quem mora próximo à estrada convive diariamente com a insegurança.

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Para Jaqueline Pereira, que mora em Rio Branco do Sul, andar às margens da rodovia é um desafio diário. “É bem complicado. A gente está andando e quando vê, já tem um caminhão em cima. Por aqui há muitas escolas e as crianças têm que andar pela estrada. O fluxo nunca para e quem precisa atravessar perde um tempão. De manhã é terrível”, conta a jovem, ao lado do irmão Diogo, de 9 anos.

Marco André Lima
Apesar do fluxo intenso, não há estrutura para pedestres.

Em vários trechos, a Rodovia dos Minérios passa bem perto de residências e comércios, virando praticamente uma rua urbana. Mas em nenhum lugar é possível encontrar calçadas. O jeito é andar pelo acostamento, que em alguns pontos se torna uma terceira faixa, deixando as pessoas andando literalmente pelo meio da estrada.

Acidentes

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Conhecida pelo grande número de motéis, concentrados na saída de Curitiba, a rodovia também é famosa pelos acidentes. “Não faz muito tempo, morreu um rapaz ali próximo ao trevo, em uma moto. As pessoas não têm paciência e acabam se acidentando quando tentam ultrapassar”, diz Jeci Barbosa Bueno, que trabalha em uma banca de lanches em Rio Branco do Sul.

O cabo Reinaldo Lima, da Polícia Rodoviária Estadual, trabalha no posto da rodovia e confirma que a imprudência nas ultrapassagens é o principal fator de acidentes. “Quase não há pontos de ultrapassagem e o muitas vezes o jeito de passar por um caminhão é uma manobra irregular. E daí vai pra caneta”, afirma o policial, que calcula uma média de 600 multas por mês aplicadas na estrada.

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Num acidente automotivo, muitas vezes quem leva a pior são os pedestres que caminhavam pelo local, que acabam atingidos. “Se não há jeito de fazer uma duplicação da rodovia, uma terceira faixa em alguns pontos críticos ajudaria a amenizar bastante a situação”, avalia o cabo Lima.

A população, porém, já está cansada das promessas e projetos que não saem do papel, “Sempre falam que vão arrumar, duplicar… Mas estou aqui há 20 anos e sempre continua tudo igual”, reclama Odório Vidal. Ele mora em Almirante Tamandaré, perto do cruzamento da estrada com a linha do trem, um dos pontos mais críticos da estrada.

Duplicação em análise

A duplicação da Rodovia dos Minérios pode finalmente sair do papel, através de uma parceria entre o governo do Estado e a iniciativa privada. O grupo Votorantim vai ampliar sua fábrica de cimento em Curitiba e precisa da obra para garantir a circulação dos caminhões que distribuem a produção.

Segundo o Departamento de Estradas e Rodagens (DER), a empresa propôs ao governo paranaense uma parceria para duplicar o trecho entre a capital e o perímetro urbano de Rio Branco do Sul. O projeto estaria em fase de negociação e, se houver acordo, deve ser anunciado nas próximas semanas.

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Marco André Lima
Jaqueline e Diogo: complicado dividir a pista diariamente com caminhões.