Prevenção

Risco de acidentes no centro de Curitiba

O incêndio de um prédio de três andares no bairro Rebouças, em Curitiba, na semana passada, levantou uma polêmica: a falta de manutenção preventiva das edificações.

Na capital, uma lei que ainda aguarda regulamentação prevê que tanto imóveis residenciais quanto comerciais deverão receber uma certificação para atestar suas condições. A medida valerá também para construções acabadas ou em construção. A iniciativa é pioneira no Brasil.

Anderson Tozato
Sem vistorias, risco maior se concentra nos edifícios mais antigos.

Só no primeiro semestre deste ano o Corpo de Bombeiros registrou 379 incêndios em edificações em Curitiba. Muitas dessas ocorrências estão relacionadas a problemas na fiação antiga do imóvel.

Mas segundo o engenheiro civil da Comissão de Segurança de Edificações e Imóveis (Cosedi) da Prefeitura de Curitiba, Jorge Costa, os problemas registrados diariamente são diversos.

“A fiação antiga é apenas um dos inúmeros problemas que registramos todos os dias, que passam por vidros e rebocos que caem, telhados com rachaduras e até prédios inteiros comprometidos”, falou. Na avaliação de Costa, a manutenção preventiva é a melhor forma de evitar esses problemas.

Anderson Tozato
Imóveis que passam por restauração devem ter a parte elétrica revista.

O velho ditado popular de que “o barato que sai caro” se aplica muito bem quando o assunto é a conservação do imóvel. O gerente em Curitiba do Conselho Regional de Engenharia Arquitetura e Agronomia (Crea), Mario Guelbert, afirma que muitas vezes as pessoas não fazem uma verificação rotineira das condições da propriedade por questão de economia. Mas quando os problemas aparecem, os gastos são muito maiores. Ele compara o imóvel ao homem, que com freqüência, precisa fazer um “check-up” da saúde.

“O mesmo vale para o conjunto elétrico, hidráulico e estrutural do imóvel. Todos têm um peso importante quando o assunto é prevenção de acidentes e danos”, explicou.

Histórico

Anderson Tozato
Fiação exposta em prédio da capital é motivo para preocupação.

Os proprietários de edificações consideradas antigas em Curitiba podem ser beneficiados quando os imóveis são incluídos no rol das Unidades de Interesse de Preservação (UIP).

Diferente do tombamento histórico, os donos de UIPs podem receber incentivos que vão desde a isenção total do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), ou conseguir cotas para restauração através de incentivos construtivos.

De acordo com a assistente técnica da Secretaria Municipal de Urbanismo, Lorene Rother Goes, existe hoje em Curitiba 666 imóveis com valor cultural e histórico e são considerados UIPs. No entanto, o número de restaurações ainda é baixo. Da década de 90 para cá, pouco mais de 70 unidades foram ou estão em processo de restauro na cidade.