RFFSA entregou ferrovias em ótimo estado

A malha ferroviária paranaense, que passou a ser administrada pela América Latina Logística (ALL) em 1997, foi entregue pela Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA) em ótimo estado de conservação. Segundo o superintendente da Regional Curitiba da RFFSA, Ruy Alberto Zibetti, entre 1993 e 1994 a malha recebeu um investimento de US$ 240 milhões, vindos do Banco Mundial. “Em 1997 a ferrovia estava com padrão europeu de conservação”, ressaltou.

Zibetti diferenciou o investimento feito pela rede e pela ALL. Quando a Rede administrava a malha, existia o custeio, que era recurso vindo da própria entidade para manutenção do que já existia, e o investimento em capital, quando se agregava bens ao patrimônio da empresa. “Hoje a ALL faz o custeio e diz ser investimento”, comparou. O superintendente disse ainda que o acidente na Serra do Mar pode ter sido causado por diversos fatores.

O engenheiro mecânico da RFFSA, Saulo de Tarso Pereira, destacou que a conservação da ferrovia não vem seguindo os padrões anteriormente adotados pela Rede. Nem mesmo os dados estatísticos sobre acidentes têm o mesmo padrão: “Os acidentes em pátios de manobra, por exemplo, não estão sendo contados. Um acidente em passagem de nível é contado como rodoviário e não ferroviário”, completou.

Pereira lembrou que na época da Rede, seguiam pela ferrovia até Paranaguá três locomotivas, com 1.800 toneladas de carga. A ALL leva 3.210 toneladas de carga com as mesmas três locomotivas. “Eles trabalham no limite”, resumiu o engenheiro. O contrato de concessão firmado entre a Rede e ALL tem duração de trinta anos, com possibilidade de renovação.

No próximo mês de novembro encerra-se o processo de liquidação da RFFSA. Zibetti afirmou estar fazendo todo o esforço possível para que esse processo seja revertido. Para ele e outros defensores da Rede, a empresa é completamente viável, capaz de administrar seus ativos e passivos, principalmente graças ao grande patrimônio imobiliário que detém. Segundo o superintendente, a liquidação nunca deveria ter começado: “O que falta é vontade política. Está na hora de a sociedade discutir esse tema e verificar como uma malha ferroviária é importante para o País. Várias cidades brasileiras se desenvolveram a partir da linha do trem”, observou.

Pereira lembrou que o desenvolvimento do País requer boas rodovias, boas ferrovias e bons portos: “São processos complementares, não concorrentes”, enfatizou. Pereira trabalhou durante seis anos em um projeto para transformar a Rede numa empresa de fomento, conseguindo, com o investimento de bancos, recuperar, construir e manter trechos férreos, que elevariam o crescimento, gerariam emprego e ajudariam a transportar a produção brasileira.

Opção

Um trecho de 110 quilômetros de ferrovia entre Curitiba e Alexandra teve sua construção iniciada pela Rede na década de 70, mas está parado. Esta poderia ser uma alternativa para quem transporta até o litoral do Estado. O trecho caberia dentro do projeto de Pereira: “Esse trecho é de 1 para 100, ou seja, vai ficando mais baixo 1 metro a cada 100. O outro é de três para cem. No trecho de 1 para 100 a capacidade de tração do trem é maior”, concluiu Pereira.

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