O município de General Carneiro, no Sul do Estado, é exemplo para os demais quando o assunto é o cuidado com o meio ambiente. Lá, não só o lixo reciclável é aproveitado, mas também o material orgânico, através da compostagem. A iniciativa, além de aumentar em cinco vezes a vida útil do aterro municipal, ainda gera renda para 14 famílias carentes. O projeto foi apresentado ontem, em Curitiba, na sede do Ministério Público (MP), que desde 2004 vem cobrando dos municípios ações para a redução do volume do lixo que encaminham para aterros sanitários.
Segundo o procurador de Justiça e coordenador do Centro de Apoio das Promotorias do Meio Ambiente, Saint-Clair Honorato Santos, cerca de 90% dos municípios têm desenvolvido projetos na área de reciclagem. Mas o material orgânico vem sendo deixado de lado e ele representa pelo menos 40% de tudo o que é descartado todos os dias.
No ano passado, foram realizadas quatro audiências entre as prefeituras da capital e Região Metropolitana (RMC) e o MP. A última foi em outubro. Do encontro realizado ontem participaram 21 dos 26 municípios que integram a RMC, inclusive Curitiba. Como dever de casa, vão ter que elaborar dentro de três meses um projeto que dê outro destino ao lixo orgânico, que não seja o aterro sanitário. As cidades que não mandaram representantes vão ser oficiadas pelo MP para apresentarem seus projetos.
A cidade de General Carneiro foi apontada como um exemplo, pois, desde julho de 2005, o município, através de um convênio com a Universidade Federal de Viçosa (MG), vem transformando os resíduos orgânicos em adubo. A cidade tem 8 mil habitantes e por dia são produzidos cinco mil quilos de lixo. A Prefeitura faz a coleta do material e os ex-catadores, organizados em uma associação, fazem a separação. Os materiais recicláveis vão para usinas e o orgânico vai para um pátio onde é feito o trabalho. O processo que transforma os resíduos em adubo demora cerca de 110 dias e dos cinco mil quilos de lixo recolhidos diariamente se produz até três toneladas de adubo. O dinheiro arrecadado com a venda do composto orgânico e da venda dos papéis, plásticos, entre outros, é repartido entre as 14 famílias. A renda que antes não passava de R$ 150 agora chega a R$ 450. A cidade de Bituruna, também no Sul do Estado, segue o exemplo e há um mês realiza o trabalho.
Além dos ex-catadores e do meio ambiente, a Prefeitura também saiu lucrando. Conseguiu reduzir em R$ 24 mil as despesas que tem com o sistema de coleta de lixo, além de aumentar em cinco vezes a capacidade do aterro local. De todo o lixo que é produzido na cidade 80% é aproveitado.
Na Região Metropolitana de Curitiba, os municípios de Bocaiúva do Sul e Campina Grande do Sul são os únicos que começaram a desenvolver ações nessa área. Hoje 14 municípios da Região Metropolitana destinam seu lixo para o aterro da Caximba, que tem tempo de vida útil por mais dois anos. Todos os dias são descarregados lá 2,4 mil toneladas. Hoje e manhã serão realizadas audiências similares em Maringá e Campo Mourão, com representantes do MP-PR e das prefeituras da região.


