Requião questiona salário de professores da Unioeste

Durante a solenidade de lançamento do Programa Estadual de Mata Ciliar, anteontem, o governador Roberto Requião questionou os salários dos professores da Unioeste, de Cascavel. Segundo Requião, 80% dos professores recebem o Tide, que é uma gratificação por tempo integral e dedicação exclusiva ao emprego pago apenas a estatutários. Isso significa que eles têm que trabalhar 40 horas por semana, mas, segundo levantamentos apresentados ao governador, estão trabalhando apenas 10 horas.

As outras horas, segundo os professores, estão sendo usadas para pesquisas, e duzentos professores auxiliares precisam preencher a carga de aulas que não são dadas. Mas, segundo Requião, esse é um artifício para aumentar o salário sem trabalhar. Além disso, mesmo os funcionários que não são concursados estariam recebendo o benefício. “Temos que moralizar as nossas universidades. Se a Unioeste realmente tivesse oitocentos professores realizando pesquisas, o Paraná seria o celeiro das pesquisas do planeta Terra”, afirmou.

Investimento

O Paraná investe cerca de R$ 500 milhões por ano em ensino de terceiro grau contra R$ 30 milhões aplicados pelo governo do Rio Grande do Sul, por exemplo. No entanto, a Unioeste está solicitando aumento do orçamento da universidade para R$ 112 milhões. “O que quero das universidades é a racionalização administrativa, produção e professor na sala de aula”, pediu o governador.

O governador determinou ao secretário de Ciência e Tecnologia, Aldair Rizzi, “uma ação dura para que essa farra do terceiro grau acabe”. “O governo mudou e quero que as nossas universidades tenham o melhor ensino do País e que nossos professores tenham o melhor salário do País”, disse. “Os salários pagos pelo Paraná já são iguais aos salários pagos pelas universidades federais.”

Rizzi pede esforço acadêmico

A mobilização da comunidade acadêmica será fundamental para a liberação, pelo governo federal, de cerca de R$ 70 milhões em 2004, afirmou o secretário Aldair Rizzi, da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, na abertura da reunião de trabalho preparatória para a Conferência Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação. Os recursos seriam repassados pelo governo federal para investimentos nas seis instituições de ensino superior mantidas pelo governo do Estado (UEL, UEM, UEPG, Unicentro, Unioeste e Unespar) a partir de uma emenda aprovada semana passada pela bancada paranaense.

Segundo o secretário, a aprovação “demonstra uma grande sensibilidade por parte dos nossos representantes em Brasília, que entendem que há necessidade de recursos para a manutenção das universidades estaduais, porém a aprovação da emenda ao Orçamento da União não significa que os recursos já estejam alocados, por isto é preciso um grande esforço de todos neste momento.”

Apresentada no primeiro semestre deste ano pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, a proposta de emenda segue agora para o relator setorial, deputado federal Narcio Rodrigues da Silveira (PSDB-MG). “Os R$ 70 milhões aprovados seriam suficientes para cobrir o déficit apresentado pelas instituições de ensino superior do Estado, que soma aproximadamente R$ 66 milhões”, afirmou ainda Rizzi.

Ciência e tecnologia

A abertura da reunião preparatória para a Conferência Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação foi precedida da entrega do 17.º Prêmio Paranaense de Ciência e Tecnologia aos pesquisadores Roberto Fendrich (PUC e UFPR) e Adelar Bracht (UEM), que receberam, cada um, o equivalente a R$ 4 mil, destinados a participação em evento científico internacional de sua escolha.

Segundo Rizzi, a reunião realizada durante todo o dia de ontem, no Hotel Paraná Suíte, em Curitiba, vai gerar subsídios para a formulação da política estadual de desenvolvimento científico e tecnológico do Paraná, além de documentos de apoio para a conferência estadual, agendada para início de 2004. Esta, por sua vez, contribuirá para o debate nacional sobre ciência e tecnologia, que deverá ocorrer em 2005.

“A falta de políticas públicas para a ciência e a tecnologia nos governos anteriores, tanto federal quanto estadual, é um erro que não pode se repetir”, afirmou em seu discurso o secretário. “É vital vincular os recursos destinados a esta área a projetos de interesse social. Por isso, estamos direcionando os recursos previstos no artigo 205 da Constituição estadual ao reequipamento das universidades estaduais, à saúde, às tecnologias sociais e à agroindústria.”

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