Quem tem altura anormal tem problemas diferentes

Tamanho não é documento. Mas em alguns casos pode ocasionar alguns pequenos problemas no dia-a-dia. Pessoas muito grandes ou pequenas demais enfrentam dificuldades para realizar certas atividades e até para comprar roupas. No caso das pessoas altas, os problemas aparecem normalmente na estrutura dos móveis e imóveis, geralmente feitos para pessoas de tamanho mediano.

Tiago da Silva Leite, de 17 anos, 2 metros de altura, aproveita sua estatura para jogar voleibol. Ele contou que teve que mandar fazer uma cama especial devido à sua altura. “Ficava com o pé para fora”, lembrou, destacando que sempre tem que tomar cuidado para não bater a cabeça no barra de apoio ônibus. Outro problema para Tiago é comprar sapato. “Calço 46 e só consigo comprar sapato numa loja, aqui em Curitiba. O pior é que os preços são maiores do que os sapatos convencionais”, reclamou.

Para Jonathan Silveira, 17, 1,93m, comprar sapato também é complicado. Ele lembrou que durante o inverno tem dificuldades para dormir. “Além de ser maior que a cama, sou maior que a coberta, por isso fico com os pés descobertos algumas vezes”, explicou. Jonathan disse que se sente bem quando as pessoas o admiram por sua altura ao passear na rua.

O técnico de Tiago e Jonathan no time infanto-juvenil de voleibol do Santa Mônica/Dom Bosco, Ronei Magalhães, destacou outra vantagem em ser grande. “Hoje em dia altura é quase que fundamental para um atleta de bom nível”, afirmou, destacando que a rede de voleibol fica estendida a uma altura de 2,43m.

O outro lado

Para os considerados “baixinhos”, o problema não é tão grande assim. Mesmo com apenas 1,60, o confeiteiro José Elias Prodócimo, 42, disse não ter problemas com a altura. “Quando era adolescente meus amigos me perturbavam. Hoje não tenho problema algum, inclusive tenho filhos altos”, afirmou, destacando que em situações onde é necessária maior estatura, ele sempre dá um jeito. “Trabalho tanto que não tenho tempo para saber se sou baixinho ou não”, exclamou. Para Miguel Ferreira, de 45 anos e 1,56m, não há problemas em não ser alto. “No ônibus, por exemplo, como não alcanço o ferro de cima, seguro no ferro de baixo”, contou, lembrando que seu irmão sempre o perturba chamando de baixinho. “Mas eu não ligo, já acostumei.”

Karina Rodrigues dos Santos, 16, 1,50m, disse que não sofre devido à altura. “Faço tudo que uma pessoas mais alta faz”, afirmou. “Mas todo mundo me pega no pé por ser baixinha. Não ligo, levo na boa”, contou.

Uma loja de manequins grandes

Desde 1970 trabalhando com sapatos sob medida, a Masiero Calçados, em Curitiba, é a única loja especializada em tamanhos especiais da capital. Ela vende sapatos e tênis até o número 52,5. Para os pés pequenos, há a opção de sapatos com salto nos números 30 e 32. Os sapatos convencionais femininos são vendidos com salto para adultos somente a partir do número 33.

A proprietária da loja, Inês Masiero, contou que os clientes normalmente são os mesmos. “São pessoas de várias idades, inclusive, às vezes, da mesma família. Elas sempre compram e retornam, muitas delas também indicam nosso produtos à outras pessoas grandes”, disse, lembrando que a loja também tem palmilhas, meias e até cintos em números maiores que os convencionais. “Esse cinto tem 2,20 m”, mostrou Inês, tendo que contar com a ajuda de uma funcionária. Inês lembrou que, principalmente, as mulheres com os pés grandes não gostam de tê-los. “Algumas pessoas me pediram que fizesse um local para homens grandes conhecerem mulheres grandes. Como não tinha espaço, resolvi fazer uma espécie de correio elegante aqui mesmo”, contou, destacando que os sapatos especiais têm um preço 10% a 15% mais caro.

O supervisor geral da Levi?s de Curitiba, Carlos Antônio Recalde, explicou que a marca faz calças com comprimentos diferentes para atender pessoas mais altas. Elas têm comprimentos variando de 4 em 4 centímetros, independente do tamanho da cintura. “Nossas calças são feitas para que o cliente se sinta bem, na maioria das vezes nem barra é necessário fazer”, confidenciou.

No hospital

O problema de altura também é estendido quando as pessoas muito altas ficam doentes. As macas e as camas convencionais têm 1,8m. Conforme a enfermeira superintendente do pronto-soccoro do Hospital Cajuru, Selma Assunção Dias, alguns pacientes acabam sofrendo com o tamanho reduzido das macas. Ela citou como exemplo Ricardo Pinto, ex-goleiro do Atlético Paranaense. “Agora, quando o hospital compra nova aparelhagem, procura comprá-la num tamanho maior”, disse, destacando que algumas macas no Cajuru já medem 1,9m. (LM)

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