Queimadas favorecidas no Paraná

A baixa umidade relativa do ar e a ausência de chuvas em todo o Paraná são fatores que facilitam a criação de focos de incêndios no Estado. O mês de julho, por exemplo, foi o período em que mais foi registrado fogo fora de controle. A Defesa Civil constatou 2,1 mil focos em julho, quase a metade dos 5,3 mil registrados até hoje em todo o Estado. Toda a área devastada até julho é equivalente a 1,9 mil hectares. Só em Curitiba e Região Metropolitana, já foram 1,3 mil ocorrências atendidas pelo Corpo de Bombeiros este ano.

“Os incêndios aumentam nessa época do ano por causa da estiagem de chuvas. Com a falta de umidade, o mato resseca, tornando mais favoráveis as chances de um incêndio acontecer”, explica o tenente Leonardo Mendes dos Santos, do Corpo de Bombeiros de Curitiba.

Em 2007, a contagem da Defesa Civil registrou mais de 13 mil focos de incêndio em todo o Estado. “Este número foi o maior nos últimos dez anos. Se esse ano continuarmos assim, infelizmente vamos ultrapassar esses dados até o final de 2008”, conta o tenente-chefe da seção operacional da Coordenadoria Estadual da Defesa Civil, Eduardo Gomes Pinheiro.

De acordo com Pinheiro, o grande problema com relação aos incêndios florestais é a iniciativa errada da população. “Ao longo dos anos sempre instruímos a população a não atear fogo em locais de mato seco, porém, apenas o aviso não vinha adiantando. Agora estamos orientando a todos que presenciarem alguém envolvido com incêndio, que denuncie para a Defesa Civil do Paraná através do telefone 0800 643 0304”, explica.

Penas

Segundo o capitão da Polícia Florestal do Paraná Luiz de Havila, existem penas punitivas e administrativas para os que forem denunciados ou estiverem envolvidos com incêndios. “Aos que iniciam incêndios, está previsto pena de 2 a 3 anos de prisão e pagamento de multa a partir R$ 1 mil”, diz. Quem solta balões também é passível das punições. “A pena, tanto para quem fabrica, transporta, solta ou guarda balões também é de prisão de 2 a 3 anos, e multa a partir e R$ 1 mil. Mas neste caso, o valor varia de acordo com a quantidade e tamanho do material apreendido”, reforça.

De acordo com especialistas, a grande maioria das devastações causadas pelos incêndios florestais ocorrem, também, pela imprudência e intervenção humana na natureza.

Diferenças

Hávila explica que existem diferenças entre os incêndios e as queimadas. “A queimada normalmente é realizada em atividades agropastoris ou florestais, onde o fogo é utilizado de forma controlada, atuando como fator de produção. Já os incêndios, são assim denominados quando ocorrem involuntariamente sobre qualquer vegetação. Ele pode ser causado intencionalmente, por negligencia ou por fonte natural como por meio de raios”, explica.

Outro problema: fumaça gera falta de visibilidade nas rodovias

Além de todos os problemas ambientais gerados pelos incêndios, a falta de visibilidade causada pela fumaça em rodovias pode ser um risco aos motoristas.
Uma das principais orientações passadas pela Policia Rodoviária Estadual (PRE) é que o condutor não tome atitudes bruscas ao se deparar com a barreira de fumaça. “Ao avistar uma nuvem de fumaça na rodovia, indicamos que, os motoristas não reduzam a velocidade, não mudem de faixa e não façam nenhuma ultrapassagem, pois com a visibilidade prejudicada, a rodovia se torna muito mais perigosa para ter esse tipo de comportamento agressivo”, explica o comandante da 1.ª Companhia da Policia Rodoviária Estadual, Valdir Carvalho de Souza.

Os condutores podem auxiliar a PRE a diminuir os acidentes causados pela fumaça. “Quando o trecho sem visibilidade acabar, orientamos que mot,oristas os liguem para o telefone 198, da Policia Rodoviária Estadual, quando estiver em rodovias estaduais, e oriente os policiais a respeito da localização do trecho. É importante que o motorista saiba em que altura da rodovia o incêndio acontece, para que o trabalho das equipes seja mais rápido”, ressalta Souza. Em rodovias federais, o telefone para acionar a Policia Rodoviária Federal é o 191.

Para Souza, o comportamento de motoristas fumantes deve ser mudado urgentemente. “A maioria dos incêndios acontecem pela imprudência de fumantes que jogam na beira da rodovia as bitucas de cigarros ainda acesas. Além de prejudicar a saúde dessas pessoas, o cigarro causa, ainda, mais esse problema para o meio ambiente”, ressalta. (LC)

Tempo seco é considerado normal

De acordo com o metereologista do Instituto Tecnológico Simepar Marcelo Brouer,
o mês de julho foi o mês com menor índice de chuvas até agora, em 2008. “O inverno no Paraná é a época que chove menos. Até agora julho teve o menor registro do ano, 26,6 mm. Junho, por exemplo, foi um mês normal, e ficou com 97 mm de precipitações”, descreve.

Os fenômenos que deixaram o tempo mais seco no Estado não foram considerados anormais pelo metereologista. “A baixa umidade relativa do ar, e a ausência de chuvas são fenômenos naturais nesta época do ano”, diz.

A partir de hoje, os dias não serão tão secos como os da última semana. “A tendência agora é que o risco de incêndios diminua, pois setembro e outubro serão mais chuvosos”, acrescenta.

Segundo o Brouer, a previsão é que as temperaturas abaixem, mas a ausência de chuvas continua. “O fim de semana será mais ameno, o ar ficará menos seco e ainda sem chuvas. A partir de segunda-feira o tempo volta a ficar calor, até a chegada da próxima frente fria”, informa.

Mata Viva

O programa Mata Viva é uma parceria entre a Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Defesa Civil, Batalhão de Polícia Ambiental Força Verde, Copel, Polícia Rodoviária Federal, Sanepar, entre outras instituições, que realiza ações de educação ambiental voltadas à conscientização da população sobre os riscos e conseqüências dos incêndios, além de como evitar as queimadas. “Um exemplo prático são as ações voltadas para o esclarecimento da proibição e do perigo da soltura de balões. Além da parte educativa, o Programa Mata Viva também atua efetivamente no combate em caso de incêndios florestais”, conta o representante do IAP no Programa Mata Viva, José Luiz Bolicenha. (LC)