Protesto na Ceasa deixa a BR-116 congestionada

Houve longas filas de carros e caminhões, ontem, na BR-116, nas proximidades das Centrais de Abastecimento do Paraná (Ceasa-PR), no bairro Pinheirinho, em Curitiba. O motivo foi uma manifestação de funcionários e moradores de vilas próximas à Ceasa devido ao fechamento de uma das passagens de acesso ao local por parte da diretoria da unidade. A movimentação dos funcionários começou às 3h. Às 9h30, segundo a Polícia Rodoviária Federal, o engarrafamento na BR-116 era de aproximadamente 5 km. Foram contabilizados cerca de quinhentos caminhões parados.

Segundo o funcionário Élcio José dos Reis, há oito anos na Ceasa, 75% dos trabalhadores das centrais costumam entrar diariamente para trabalhar por uma passagem localizada em um muro nos fundos do estabelecimento, que tem acesso pela Rua Arlindo Chiminácio. Moradores de vilas próximas, como a Tatuquara, Palmeiras, Rio Negro, entre outras, também utilizam a passagem para ter acesso ao banco e à agência dos Correios localizados dentro da Ceasa.

No final da semana passada, os funcionários chegaram para trabalhar e encontraram a passagem bloqueada. Derrubaram o bloqueio e entraram normalmente. Na madrugada de ontem, encontraram o acesso novamente impedido. Para que todos pudessem entrar, parte do muro da Rua Arlindo Chiminácio foi destruído. Revoltados, moradores e funcionários resolveram iniciar um protesto impedindo o fluxo de veículos na BR-116. “Pessoas ligadas à diretoria da Ceasa disseram que a passagem havia sido fechada porque por ela só passam vagabundos, prostitutas e ladrões. Os funcionários se sentiram ofendidos, pois utilizam a passagem todos os dias não para roubar ou fazer confusão, mas para ter acesso ao trabalho”, contou o funcionário Luiz Cesar Carrareto, que há treze anos trabalha na Ceasa.

Utilizando a passagem dos fundos, os funcionários que moram nas vilas próximas percorrem, em média, quinhentos metros para chegar ao pátio da Ceasa. Se tiverem que fazer um desvio e entrar pelo portão principal, na BR-116, precisam fazer um percurso de cerca de 1,5 km. “Entro para trabalhar às 4h e tenho medo de, sozinha, ter que andar até a entrada da BR-116. Nesse horário, a rodovia fica deserta, ainda está bastante escuro e os riscos de assaltos e de pessoas desocupadas mexerem com a gente são imensos”, afirma a funcionária Adriana Barea, que trabalha no local há sete anos e sempre entrou pela passagem da Rua Arlindo Chiminácio.

Os funcionários colocaram fogo em pneus e durante a manifestação os estabelecimentos de frutas, verduras e frutas permaneceram fechados. O protesto acabou às 10h30, quando integrantes da superintendência da Ceasa, após o término de uma reunião com agentes da Polícia Rodoviária Federal e líderes comunitáriao, anunciaram que a passagem será reaberta definitivamente nos próximos dias. No local será colocado um portão e os funcionários passarão a ter acesso à Ceasa mediante identificação. A passagem teria sido fechada por facilitar o acesso de crianças e adolescentes ao trabalho ilegal dentro da unidade. A BR-116 só começou a ser liberada às 11h. Cerca de uma hora depois o fluxo de veículos voltou a ficar normal.

Diretoria quer punir vândalos

Em nota oficial divulgada no fim da tarde de ontem, a diretoria da Ceasa Paraná diz estranhar “a maneira truculenta e a forma adotada no protesto dos manifestantes”, e afirma que “os atos não condizem com a prática de centenas de produtores, atacadistas, comerciantes e trabalhadores que utilizam das instalações para garantir o abastecimento de hortigranjeiros no Estado do Paraná, ganhando de forma idônea e honesta seu sustento”.

A Ceasa ainda comunica que está “solicitando junto aos órgãos competentes a apuração dos responsáveis pela paralisação do acesso à entrada da unidade” e promete “responsabilizar os causadores dos danos promovidos ao patrimônio público”.

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