O trabalho dos mais de 7 mil guardadores de carro pode estar com os dias contados. Projeto apresentado nesta semana na Câmara de Curitiba pelo vereador Felipe Braga Côrtes (PSDB) pretende proibir a atividade. Polêmica, a proposta ainda deve ser discutida com o poder público e a comunidade.
O argumento do parlamentar é evitar situações constrangedoras de ameaças a motoristas que se recusam a pagar pelo serviço. “Tem os dois lados: aqueles que fazem o serviço há tempos e ficam conhecidos, mas também tem aquele que aborda e faz ameaças”, afirma Côrtes, que sugere investir na colocação dos guardadores de carros em outros setores.
O vereador cita Ponta Grossa e Cascavel e Novo Hamburgo (RS) como exemplos de municípios onde a atividade foi proibida e podem nortear a elaboração da lei em Curitiba. “A área pública é loteada pelas pessoas que passam a administrar a rua, inclusive em áreas onde é cobrado o EstaR”, diz.
Flanelinha x guardador
Para o presidente do Sindicato dos Guardadores de Carro do Estado do Paraná (Singuapar), Paulo Negrão, o foco do projeto deve ser o combate aos flanelinhas, que têm papel diferente dos guardadores de carros. Ele vai procurar Côrtes para discutir a proposta. “Os flanelinhas são os achacadores, que denigrem a imagem dos guardadores de carro, que estão previstos em lei federal”, ressalta. O sindicato tem registro de aproximadamente mil guardadores de carros e pretende cadastrar outros 6,5 mil trabalhadores da Grande Curitiba.
Os cadastrados recebem colete, boné e carteirinha com foto, onde consta a identificação do trabalhador e carimbo do sindicato. Eles estão proibidos de pedir dinheiro: o motorista dá o valor que quiser, se desejar. O Singuapar verifica a ficha criminal dos trabalhadores a cada dois meses e quem for flagrado trabalhando sob efeito de álcool ou drogas é punido. “Este trabalho gera empregos, é um meio de sobrevivência. Muitos conseguiram comprar carro, casa e estudaram sendo guardador”, defende.
Cursos de capacitação
De olho na Copa do Mundo, o sindicato programa cursos de capacitação aos guardadores de carros, com aulas sobre respeito no trânsito, educação e higiene, além de uma língua estrangeira para atender os turistas. A atividade deve acontecer na segunda quinzena do mês que vem, mas ainda não está definida que instituição irá ministrar as aulas.