Professores em férias viram alunos

Mais uma turma, formada por 36 professores do nível fundamental da Bahia, está aproveitando as férias escolares para participar do programa Alfabetização Solidária, em Curitiba. Eles vieram dos municípios Castro Alves e São Felipe e devem permanecer na capital paranaense até o dia 29 de julho. O programa, financiado pelo governo federal, conta com a estrutura pedagógica da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Durante quinze dias, os professores do setor de Educação da UFPR estarão capacitando educadores a alfabetizar jovens e adultos.

Desde 1997, a UFPR “adota” municípios carentes com elevados percentuais de analfabetismo. Segundo a professora Carmem Sigwalt, coordenadora geral do curso, as turmas são formadas por professores vindos, principalmente do Norte e Nordeste, regiões caracterizadas por bolsões de pobreza e baixa escolaridade. Até o momento já foram capacitadas doze turmas, cada uma formada por cerca de trinta professores de nível fundamental.

Somente de Girau do Ponciano (AL), foram capacitados 110 professoras, que já alfabetizaram 32 turmas. Antes do programa Alfabetização Solidária, diz Carmem, 59% da população de Girau era formada por analfabetos. Hoje, o índice está abaixo de 20%. Em Castro Alves e São Felipe (BA), o índice de analfabetismo caiu de 45% para 25%.

O cursos de capacitação na UFPR são realizados no período de férias escolares, geralmente nos meses de janeiro e julho. “A intenção é capacitar maior número de professores que colaborem nesse processo de alfabetização de jovens e adultos”, explicou Carmem. Além dos professores da UFPR, o curso conta com a colaboração de alunos do quarto ano de Pedagogia, que fazem um estágio supervisionado. O programa Alfabetização Solidária é visto pela coordenadora do curso com um campo de pesquisa permanente.

A maioria dos educadores que participa da capacitação não tem curso superior. Durante o curso, eles têm aulas de Matemática, Geografia e fazem oficinas de texto e artes. Para Dênia Farias, Alexandra da Silva Luma, Maria Wilsa Costa e Edson Lessa, que na UFPR se tornam alunos, esta é uma oportunidade única e que irá proporcionar o crescimento profissional. “Resolvi participar porque nós, como educadores, precisamos buscar sempre novos conhecimentos”, declarou Maria Wilsa. Para Alexandra, o trabalho junto a pessoas, entre 20 e até 80 anos, que não sabem ler e escrever significa uma troca de experiência.

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