Produtos sem glúten são dificuldade para celíacos

A doença celíaca, caracterizada pela intolerância permanente ao glúten, está sendo discutida desde ontem durante o 1.º Congresso Nacional do Celíacos, que prossegue hoje no Lizon Hotel, em Curitiba. O objetivo é divulgar a doença, unir as associações e trocar informações. Do evento também deverá sair um documento destinado ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), solicitando que seja feita uma amostragem do número de celíacos no país. No Estado, há 380 pessoas cadastradas na Associação dos Celíacos do Paraná (Aceupar) e outras 180 na Associação de Celíacos do Brasil, regional Paraná. O número de celíacos, no entanto, estima-se que seja muito maior.

“Com o número total de celíacos, a gente vai poder mostrar às indústrias que se trata de um mercado viável”, afirma Márcio Rogério Kurz, analista de sistemas e pai de um garoto celíaco. A presidente da Aceupar, Rosa Valente, concorda. “A indústria brasileira é muito carente de produtos para os celíacos”, aponta, referindo-se aos alimentos sem glúten – proteína contida em cinco cereais: trigo, aveia, centeio, cevada e malte.

“Normalmente, o celíaco ou a sua família tem que fazer pão, bolo, bolacha em casa, substituindo a farinha de trigo por farinha de arroz, soja, amido de milho, polvilho, fécula de batata”, conta Rosa. Além disso, completa Márcio, quando há produto disponível, é muito caro. “Um waffer importado sem glúten, por exemplo, pode custar R$ 16,00 o pacote com 200g, enquanto um pacote de bolacha comum custa muitas vezes menos de R$ 1,50”, compara.

Outro problema em relação às indústrias é a falta de rótulo na embalagem, especificando se o alimento contém glúten ou não. No Brasil, a lei que obriga as empresas a incluir a informação na embalagem é de 1992. “As indústrias não cumprem a lei. Ou às vezes, contaminam indiretamente os produtos com glúten”, reclama Rosa.

Ela explica que a doença não tem cura, e o único tratamento é seguir a dieta rigorosamente. Os sintomas da doença celíaca são diarréia, dermatite, anemia, osteoporose, infertilidade, desnutrição, nanismo, raquitismo, entre outras.

Diagnóstico difícil

O analista de sistemas Márcio Rogério Kurz conta que só descobriu que seu filho, hoje com seis anos de idade, era celíaco quando tinha 1 ano e oito meses. “O diagnóstico é difícil. Foi feito tudo quanto era exame, até descobrir do que se tratava”, lembra. Márcio conta que o filho leva uma vida normal, com exceção da alimentação, que tem de ser controlada. “Pão, bolacha, bolo, por exemplo, fazemos em casa. E em viagem, ou a gente tem que levar comida de casa ou buscar alternativas como frutas, verduras, pão de queijo”, afirma.

Importante salientar que os celíacos não podem ingerir alimentos produzidos com trigo, aveia, centeio, cevada e malte. Mas pode comer todas as frutas, verduras, carnes, ovos, arroz, feijão, além de alimentos produzidos com fécula e farinha de mandioca, fécula de batata, fécula e farinha de arroz, polvilho, farinha de milho, fubá, farinha de soja e amido de milho.

Os pacientes celíacos que continuarem ingerindo glúten apresentam maior risco de desenvolver outras doenças, como de tireóide, fígado, rins, pele e até câncer. Se não for diagnosticada a tempo, a doença pode levar inclusive à morte.

Serviços:

Maiores informações sobre a doença celíaca podem ser obtidas com a Acelpar, pelo telefone (41) 3015-0808, ou com a Acelbra-PR, pelo (41) 223-2570 ou 3022-6972.

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