Produtores rurais ameaçam endurecer contra o Estado

Agricultores da região oeste se reuniram ontem, em Cascavel, para pedir que o governo do Estado cumpra as reintegrações de posse concedidas pela Justiça. Eles invadiram as ruas da cidade com carros, tratores, caminhonetes e cavalos.

Segundo o presidente da Sociedade Rural do Oeste, Alessandro Meneghel, existem 86 mandados que não foram cumpridos em todo o Paraná. Para ele, essa situação vem contribuindo para gerar um clima de instabilidade no campo.

O protesto começou por volta das 13h. Os manifestantes se reuniram na Praça do Migrante e seguiram até a Igreja Matriz. No caminho, gritaram palavras de ordem pedindo a paz no campo e também que o governo cumpra as determinações da Justiça. ?Os agricultores estão cansados de esperar de cabeça baixa e estão começando a reagir?, falou, se referindo a conflitos que vêm ocorrendo entre os sem terra e os agricultores.

Alessandro acredita que as reintegrações de terra ajudariam a acabar com o problema. Ele disse ainda que 20 agricultores da região aguardam o cumprimento da ordem. ?Tem fazenda invadida há cerca de 10 anos?, reclama.

Segundo ele, representantes de comerciantes e de outras entidades de classe também apoiaram a carreata, inclusive três deputados federais e três estaduais. ?Eles (movimentos sociais) trouxeram com aviões da FAB dois deputados de Brasília, mas nós trouxemos seis?, comentou. O ruralista se refere aos deputados da Comissão de Legislação Participativa (CLP), que estiveram esta semana no Paraná para verificar denúncias de formação de milícias contra os sem terra.

Alessandro espera que o governo se sensibilize e cumpra os mandados, caso contrário prometem fazer barulho. ?Vamos fazer como fizeram na Argentina, vamos bloquear estradas e impedir o transporte de alimentos. O governador não é o dono do Estado e precisa cumprir a lei?, protestou.

Desde outubro do ano passado, três pessoas perderam a vida devido aos conflitos no campo: dois sem terra e um suposto integrante de uma milícia. Além disso, grupos armados invadiram acampamentos de sem terra ameaçando-os com armas, queimaram e destruíram seus pertences, barracas e escolas. Líderes desses trabalhadores também se dizem ameaçados de morte.

O presidente da CLP, deputado federal Adão Pretto (PT/RS), afirmou durante a visita ao Estado que a situação é preocupante e pretendia marcar audiência com o ministro da Justiça, Tarso Genro, e o ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, para tentar encontrar uma solução para o conflito.

Governo tem outros dados

AEN

Em relação às reintegrações de posse, o governo do Estado apresenta outros dados. Afirma que das 54 áreas ocupadas e que contam com mandados de reintegração de posse expedidos pela Justiça, 50 estão sendo negociadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), seja para compra ou para desapropriação para fins de reforma agrária. Entre essas 50, 16 já se transformaram em projetos de assentamentos. Os dados são da Comissão de Mediação de Conflitos Agrários da Secretaria de Estado da Segurança Pública.

O secretário da Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari, disse que está buscando um entrosamento com o Poder Judiciário, comunicando a real situação agrária no Estado hoje. ?Estamos com apenas quatro áreas passíveis do cumprimento. Os ruralistas usam um número irreal para tentar causar impacto na opinião pública?, destacou Delazari.

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