Procuradores dão ultimato a invasores

O impasse criado pela invasão e tentativa de reabertura da Estrada do Colono, no Parque Nacional do Iguaçu, pode terminar hoje. Durante a tarde de ontem representantes do Ministério Público Federal (MPF), Polícia Federal (PF) e os prefeitos de Serranópolis, Medianeira, São Miguel do Iguaçu e Capanema, se reuniram para tentar uma solução pacífica. Os invasores receberam um ultimato dos procuradores.

Segundo a procuradora da República Patrícia Castro Nuñes, foi feita uma proposta aos prefeitos e líderes da Associação de Integração Comunitária Pró-Estrada do Colono (Aipopec) para uma saída pacífica. “Eles têm até as 12h de amanhã (hoje) para nos dar uma resposta”, disse. “O MPF mantém sua posição de manter a estrada fechada.”

Patrícia Nuñes explicou que o fechamento da estrada foi determinado por uma ação civil pública da Justiça Federal de Curitiba, em 1986. A liminar de fechamento foi cumprida pela Polícia Federal (PF) e pelo Exército em 2001. No sábado, a juíza titular da 1.ª Vara Federal de Foz do Iguaçu, Sílvia Regina Salau Prollo, determinou, por meio de liminar, a reintegração de posse da estrada de 17,6 quilômetros que corta o Parque Nacional do Iguaçu. O objeto do litígio é de propriedade da União, já que o parque é uma Unidade de Conservação (UC) criada por lei. A juíza decidiu pela reintegração ao acatar pedido da Procuradoria Federal Especializada do Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). “O Ministério Público também ingressou com ação cautelar pedindo a manutenção da estrada fechada”, revelou a procuradora.

A PF enviou, sábado, efetivo do Paraná e de outros estados para cumprir o mandado de reintegração da área. Além dos policiais federais, participam da ação a Polícia Militar e as polícias rodoviárias Estadual e Federal que têm a atribuição, estabelecida na liminar, de montar barreiras nas estradas vizinhas ao parque e impedir o acesso ao local.

A Estrada do Colono foi invadida na noite de sexta-feira por cerca de trezentas pessoas, dos municípios de Serranópolis do Iguaçu e Capanema. Segundo informações da própria equipe que gerencia o parque, os moradores ocuparam o Posto de Informação e Controle de Capoeirinha, que serve como base de pesquisa e monitoramento da unidade e atingiram o leito da estrada. Nota oficial do Ibama confirma a invasão e declara que as lideranças locais destruíram instalações do instituto e derrubaram pelo menos 18 km de floresta.

Improbidade

Patrícia Nuñes e o procurador da República Vladimir Barros Aras instauraram inquérito civil para apurar possível caso de improbidade administrativa na Estrada do Colono. A intenção é verificar a possibilidade de a Aipopec estar sendo usada para fins ilícitos, com o incitamento a invasões do parque nacional e a desobediêcia a ordens judiciais.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o presidente do Ibama, Marcus Luiz Barroso Barros, pediram ontem, ao governador Roberto Requião, o envio de tropas da PM para proteger a Estrada do Colono, “pelo resguardo da importância de um Patrimônio Mundial”. Diante da solicitação, Requião decidiu enviar policiais à área.

Polícia acha coquetéis molotov

Policiais florestais encontraram ontem coquetéis molotov preparados pelos invasores do Parque Nacional do Iguaçu para resistir à reintegração de posse, já determinada pela Justiça. O Ibama tem recebido telefonemas alertando que os manifestantes estão armados e vão resistir à desocupação.

“Não temos como comprovar se de fato há armamentos, mas, ao sobrevoar a área de helicóptero, na tarde de hoje (ontem), constatamos uma diminuição no número de pessoas acampadas no local da invasão, de trezentas para aproximadamente oitenta, enquanto de 150 a duzentas pessoas estão do outro lado, em Capanema, reconstruindo as balsas para travessia do rio”, conta Cecília Ferraz, diretora de Ecossistemas do Ibama-Brasília. Segundo ela, as balsas vieram em partes, em cima de caminhões, e começaram a ser montadas na noite de sábado.

“O leito da estrada foi reaberto, com todo o replantio de mata nativa destruído, e até as manilhas nos pontos onde há córregos já estão refeitas, de forma que a estrada ficará em condições de tráfego muito em breve”, conta. “O posto de fiscalização foi completamente depredado, com rádios, equipamentos e móveis quebrados e hoje uma guarita também foi derrubada.” (Liana John, Agência Estado)

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