Presídio do Ahu reabre panificadora própria

A partir de agora, pães, bolos, tortas, salgados e outras delícias estarão sendo produzidas na Prisão Provisória do Ahu, em Curitiba. Ontem, um café da manhã repleto de convidados marcou a reabertura da panificadora da unidade. O local havia sido fechado no início do ano, por causa da terceirização dos serviços de alimentação dentro da penitenciária.

“O funcionamento da panificadora será possível graças a uma parceria entre o Departamento Penitenciário do Paraná, a Secretaria de Estado da Justiça e a empresa M. A. Ramon e Cia. Ltda., que irá coordenar os trabalhos”, explica o diretor da prisão, Lauro César Valeixo. “Todos os alimentos produzidos pela panificadora serão elaborados pelos próprios internos.”

Segundo Valeixo, através da panificadora, os detentos terão a oportunidade de participar de uma série de cursos nas áreas de panificação e confeitaria. No final de cada atividade, receberão um certificado de participação que, no futuro, quando já estiverem em liberdade, poderá lhes render algumas oportunidades profissionais. “No momento, trinta detentos já estão em atividade na panificadora, que por dia está produzindo cerca de 7.500 pães de sanduíche. Nas próximas semanas, outros internos deverão começar a trabalhar no lugar”, diz o diretor. “O objetivo é que eles possam sair da prisão com alguma qualificação, e preparados para entrar no mercado de trabalho.”

Os pães e outros produtos fabricados na panificadora, além de servirem ao consumo dos próprios presos, serão vendidos fora do presídio. De acordo com o empresário responsável pela M. A. Ramon e Cia. Ltda., Marcos Antônio Ramon, já existem duas empresas interessadas em comercializar os alimentos. Outras podem aparecer assim que os trabalhos forem intensificados. “No último mês, investimos cerca de R$ 38 mil na compra de equipamentos e serviços de revitalização necessários para a reabertura da panificadora. Esperamos ter um retorno desse dinheiro em um período de oito meses”, conta o empresário. Para trabalhar por um período de seis horas diárias no local, os presos receberão mensalmente 75% do salário mínimo. Além disso, para cada três dias trabalhados, eles têm um dia da pena reduzida.

Detentos

Para os detentos, a oportunidade de poder trabalhar e fazer cursos dentro da penitenciária é muito bem recebida. Além de ganhar algum dinheiro, eles saem da ociosidade. “Trabalhando, o tempo passa mais rápido”, afirma o interno Claudinei Ortiz, de 36 anos de idade, que já está há quase três anos no Ahu. “Já trabalhei em vários setores da penitenciária e isto sempre me foi bastante benéfico. Quanto mais a gente aprende, mais a gente evolui como ser humano”.

Já o interno Luiz Fernando de Souza, de 28 anos e preso há três anos e meio, vê o trabalho na panificadora como uma esperança de um futuro melhor. Ele deve deixar a penitenciária daqui a seis meses, e já pensa em procurar emprego no setor de panificação e confeitaria. “É muito bom poder aprender alguma coisa. Minha expectativa é sair daqui e conseguir algum trabalho em panificadoras.”

Na prisão do Ahu, os internos também produzem bolas, uniformes, objetos de marcenaria, plantas medicinais e outros artigos.

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