As calçadas de Curitiba são uma das principais reclamações dos moradores da cidade. Prova disso é a quantidade de pedidos nas audiências públicas realizadas nos bairros pela prefeitura.

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A partir dessa demanda, surgiu o Programa Caminhos da Cidade, em 2005. O prefeito Beto Richa propôs um projeto de lei, em novembro daquele ano, e que foi aprovado pela câmara municipal no mesmo mês.

De lá para cá, ainda apareceram muitas reclamações das calçadas curitibanas, como já mostrou O Estado em algumas reportagens. Mas houve também muita melhora, segundo a prefeitura. Foram construídos ou reformados 284 quilômetros de calçadas pela cidade desde o início do programa. O investimento atingiu mais de R$ 16 milhões.

O secretário municipal de Obras Públicas, Mário Yoshio Tookuni, conta que 100 quilômetros foram feitos somente no ano passado. Para 2009, o orçamento prevê mais 50 quilômetros.

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No entanto, contando outros projetos em andamento, a secretaria deve fechar também em uma centena de quilômetros de calçadas construídos ou readequados neste ano.

Segundo Tookuni, os acessos aos equipamentos urbanos, como escolas, parques e unidades de saúde, são as prioridades nas obras. Além disso, todas as ruas que são vitalizadas também ganham novas calçadas.

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“Hoje não sai mais rua sem calçada. Este tipo de obra é feita diariamente. A construção da calçada também já prevê a instalação das rampas para o acesso de deficientes”, explica.

Isto acontece apesar da legislação deixar a responsabilidade da manutenção das calçadas para os proprietários dos imóveis. O prefeito Beto Richa deu a determinação para fazer o serviço nas vias de maior interesse público.

O secretário lembra que Curitiba tem mais de 5 mil quilômetros de vias e que somente em uma gestão essa demanda não pode ser sanada. Por isso existem essas prioridades. Tookumi revela que as obras possuem um custo elevado: cerca de R$ 250 o metro, dos dois lados da rua.

A lei municipal 11.596/2005, que criou o programa Caminhos da Cidade, também estabeleceu os padrões das calçadas em Curitiba. “Tudo isto foi fruto de um diagnóstico feito em 2005 sobre a situação das calçadas. Hoje, não são mais permitidos na área central aquelas pedras quadradas ou o petit pavet. Este somente pode ser utilizado como desenhos nas laterais. Nas vias coletoras e setoriais, de maior movimento, é necessário colocar o bloco intertravado de concreto. Nas áreas residenciais, pode ser este bloco ou placas de concreto”, esclarece o secretário municipal de Urbanismo, Luiz Fernando Jamur.

A lei também alterou a relação com as empresas que possuem concessão de serviços públicos. Estas abrem as calçadas para a realização de intervenções. “Até arrumavam a calçada, mas não de forma adequada. Hoje as empresas são obrigadas a arrumar todo o trecho, e não mais um conserto pontual. Além disso, precisam deixar um valor caução para o conserto das calçadas. Se não fizerem isto, o valor fica retido para o trabalho”, relata Jamur.

A Secretaria Municipal de Urbanismo também estimula a construção de calçada nos padrões corretos ao exigir, no momento de pedidos de obras para novos empreendimentos ou reformas, a apresentação do projeto específico para isto.

“À médio e longo prazos vamos revertendo essa situação. Existe ainda aquela cultura de cuidar do imóvel até o muro. Ainda leva um tempo para essa conscientização, mas já observamos uma melhora”, avalia Jamur.

Anderson Tozato
Obras em calçadas custam cerca de R$ 250 o metro, dos dois lados da rua.