Preconceito prejudica transplantes de órgãos

O preconceito e a falta de informação são as principais barreiras que dificultam a doação de órgãos. A afirmação é de Sílvia Regina Gonzaga, técnica do Banco de Olhos do Paraná. O número insuficiente de doações agrava ainda mais a situação das pessoas que esperam na fila por um transplante. No ano passado, foram feitas 1.187 cirurgias desse tipo em todo o Paraná. Dados da Central de Transplantes, atualizados até 31 de dezembro de 2002, indicam que 2.859 pacientes paranaenses estão aguardando por um órgão. O Estado, porém, tem boa projeção nacional em transplantes de fígado, rim e medula óssea.

Apesar de não existir uma estimativa sobre a quantidade de transplantes a serem realizados neste ano, a expectativa não é das mais animadoras. “A fila tende a aumentar apesar da quantidade de equipes de transplante”, explica Carlos Magno, coordenador da Central de Transplantes.

A fila é longa, mas o único caminho para se conseguir um órgão. Para ingressar na espera, o paciente precisa se cadastrar na lista por meio da solicitação do médico responsável pelo tratamento. A ordem dos transplantes é seguida pelo tempo de inscrição. A única particularidade para uma pessoa cadastrada em pouco tempo é o pedido em caráter de urgência. “Mas ela precisa preencher os critérios de emergência, que variam de acordo com o órgão”, conta Magno. Segundo dados da Central, 1.769 pessoas esperam por um transplante de rim; 789 por um de córneas; 273 esperam por um fígado; 28 aguardam um coração; e 25 uma cirurgia conjunta de rim e pâncreas.

“Pessoas de até 70 anos podem ser doadores”, afirma Magno. Somente alguns órgãos possuem idade restrita. O coração, por exemplo, só pode ser utilizado se for proveniente de uma pessoa de até 60 anos. Fora a idade, também há outros critérios de exclusão. O doador não pode ter aids, hepatite de qualquer tipo, diabete avançada, função renal alterada, entre outras doenças.

Para Sílvia Gonzaga, a grande dificuldade está na falta de informação. “Muitas pessoas ainda têm preconceito, medo de mutilação, acham que vai demorar e atrapalhar a família que já está transtornada. Existe uma falta de vontade em se informar sobre o assunto”, avalia.

Felicidade

A espera pela visão restabelecida foi grande para Eva Francisca Borges Serafim. Ela precisou de dois transplantes para se curar de distrofia nas duas córneas. Na primeira cirurgia, realizada há quatro anos, Eva aguardou por cinco meses. Na segunda, feita há três meses, a espera foi de um ano. “Estou muito feliz por ter conseguido”, afirma. “Para a pessoa que está na fila é muito difícil, muito triste. Eu ficava desanimada porque muita gente que conheço dizia que não doaria os órgãos.” Eva diz que mesmo antes de sofrer por um transplante, já pretendia fazer a doação. “Vou doar”, promete. “Se hoje estou enxergando é porque alguém doou para mim.”

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