Fim do mundo!

Povão não acredita na profecia e quer curtir a vida por muito tempo

E chegou o dia! Hoje está programado, para as 11h11, se não tiver atraso, o fim do mundo; se é que ainda tem alguém por aí para ler o Paraná Online deste tão aguardado 21 de dezembro de 2012. A previsão do “juízo final” é baseada no calendário maia, que chega ao final do seu ciclo. Mas quem quer isso?

Com base no tal calendário, muitas pessoas estão se preparando para esperar a chegada do Armagedom, como a cidade Alto Paraíso, em Goiás, com acampamento especial e tudo mais para ver o show final da Terra. Mas em Curitiba ninguém quer saber de pensar no último capítulo. Ver o mundo se acabar não está nos planos. O que o povo quer é festa, felicidade, convívio em família e realizações, por muitos e muitos anos. Acabar agora é dar fim ao sonho de um mundo melhor.

A família e o amor pelos mais próximos são o maior apego para as justificativas de que o mundo não pode acabar hoje. Seja pai, mãe ou avô, o que os curitibanos querem é o prazer do dia a dia com as pessoas queridas. “Não pode acabar, não. Nem vai. Tenho netos pequenos, não pode acabar, como vou vê-los assim? Não acho que acabe, não”, diz o varredor Manoel Vieira, 61 anos.

O voluntário e microempresário Luciano Santos, 29 anos, só quer falar sobre a hipótese depois que todos estejam realizados. “O ser humano precisa mostrar que pode ser melhor, fazer um mundo melhor. Esse mundo só pode acabar quando todos estiverem bem. Tem que ser um final feliz, não tragédia”, pede Luciano.

Para outros o “é muito cedo” tem outra conotação. Tudo chegar ao fim hoje seria um “presente” para a população, que já aprontou demais por aqui para simplesmente desaparecer numa hecatombe. “Não pode acabar por acabar. As pessoas precisam pagar pela destruição, precisam sofrer e pagar aos poucos por tudo isso”, cobra o artista plástico Robson Aparecido Ferreira, 30 anos.

Sem comprovação de que tudo acaba hoje, ou não, o florista Nelson de Souza Moares manda um recado importante: é melhor todo mundo pagar as contas, porque na semana que vem os juros serão cobrados. Por via das dúvidas, assim também chegará ao “outro mundo” sem dívidas. “Vai que as pessoas vão lá atrás de mim me cobrar”, brinca o florista.

Mas também há quem peça um extra no mundo porque gosta e quer festar muito mais, seja com 15, 18 ou já passado dos 60 anos. “Ainda tenho muita malandragem para aprontar, é bom que o mundo não acabe”, brinca o artista plástico Francisco Oliveira, de 67 anos. Se nada acontecer, por que não uma festa para celebrar, enquanto não surge uma nova teoria e com data reprogramada para o grande fim?