Poucos alfaiates mantêm profissão viva na capital

Hamilton Serighelli tem 79 anos de idade, 65 deles dedicado à alfaiataria. Ele é um dos poucos alfaiates que ainda mantém a profissão em Curitiba. Segundo Hamilton, depois que a indústria da confecção se expandiu, o trabalho desses profissionais está cada vez mais difícil. Mesmo assim, o alfaiate diz gostar do que faz, não pretendendo parar de costurar.

Hamilton contou que hoje faz roupas para pessoas de várias idades, mas num ritmo bem menor que antes. Ele mostra com orgulho uma agenda cheia de nomes de clientes. “Infelizmente todos esses clientes já morreram, mas já cheguei a fazer ternos para netos e até bisnetos de clientes antigos”, contou, destacando que antigamente fazia sessenta ternos por mês. “Agora uns dez no máximo.” Ele afirma que não tem como concorrer com o preço das confecções. Hamilton cobra R$ 300,00 de mão-de-obra para fazer um terno. O cliente é que leva o tecido.

“Minha história é curiosa: quando tinha 14 anos não queria mais estudar”, contou. “Então minha mãe me obrigou a aprender uma profissão para poder trabalhar. Fui ser alfaiate e estou nessa profissão até hoje. Ele destaca que nenhum de seus filhos seguiu sua carreira. “Não é uma profissão rentável”, salientou, destacando que sua maior alegria é ver um cliente feliz com seu serviço.

Outro desses profissionais que se dedicam a fazer roupas sob medida é Casimiro Niendziela, de 64. “Estou na profissão desde os 18”, contou, lembrando que 99% de seus serviços é feito para homens. Casimiro também concorda que as confecções atrapalharam muito o serviço de alfaiataria. “A profissão mudou bastante, mas não piorou”, disse o apaixonado pela costura. “Se tivesse que começar tudo do zero seria alfaiate novamente.”

Casimiro contou que há vinte anos fazia quarenta ternos num mês. Hoje só dez. “Quando comecei há 50 anos, em Cruz Machado, as pessoas iam para missa de terno e gravata. Todo mundo tinha seu terno. A cidade de 10 mil habitantes tinha oito alfaiates. Hoje, numa cidade do tamanho de Curitiba só há cerca de quarenta profissionais”, comparou. O alfaiate disse que seus principais clientes são pessoas de meia idade. “É gente ligada ao Direito, como juizes e advogados, além de industrias e executivos”, ressaltou, explicando que o preço de um terno sob medida na capital gira em torno de um salário mínimo até US$ 100. “Cobro R$ 250,00”, disse.

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