Portaria impede pesca no São João e Nhundiaquara

O presidente do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Rasca Rodrigues, assinou ontem uma portaria proibindo por tempo indeterminado o uso da água dos rios São João e Nhundiaquara. A proibição abrange atividades como pesca, coleta de organismos aquáticos, práticas desportivas que impliquem em banho ou contato com a água, abastecimento doméstico, irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e atividades de aqüicultura.

A medida teve como base o resultado das análises laboratoriais que vêm sendo realizadas pelo IAP desde o acidente com o trem da América Latina Logística (ALL), ocorrido no último dia 19 de julho, quando 35 vagões transportando soja, farelo de milho e açúcar, descarrilaram sobre a ponte do Rio São João, em Morretes. A empresa retomou ontem o transporte de cargas – no total, dez trens carregados com açúcar, farelo, soja e milho chegaram ao Porto de Paranaguá.

De acordo com as análises, a fermentação da carga orgânica derramada gerou impacto expressivo sobre a qualidade da água, provocando o desequilíbrio do meio aquático e havendo proliferação de colônias de bactéria Sphaertilus natans e de vermes hirudíneos (sanguessuga), que habitam o leito dos rios e podem sugar o sangue de espécies vertebradas . “A presença das colônias de bactéria Sphaertilus natans indica intensa contaminação orgânica, pois utiliza os resíduos de despejos orgânicos no seu metabolismo podendo estar associados a organismos patogênicos. A ingestão ou contato primário com a água contaminada por esta bactéria pode causar infecções”, afirmou Rodrigues.

No Rio São João fica proibido o uso da água desde o local do acidente até a sua foz, no Rio Nhundiaquara, que ficará isolado desde a afluência do Rio São João até a sua foz, na baía de Paranaguá.

O objetivo da portaria é resguardar, preventivamente, a integridade dos moradores e usuários do Rio São João na área atingida pelo acidente. O diretor de licenciamento do IAP, José Augusto Picheti, disse que a contaminação deverá influenciar no valor da multa que será aplicada na ALL. Segundo ele, o auto de infração só será lavrado após a retirada completa do material derramado e do resultado dos impactos causados à fauna, flora, solo e meio aquático. “Essa contaminação foi detectada apenas agora e não podemos aplicar a multa sem a comprovação de que não há possibilidade de encontrarmos novos danos ao meio ambiente da região”, disse.

Negação

A ALL negou a contaminação do rio. Segundo a empresa, não se trata de contaminação, pois as colônias de bactérias e os invertebrados são organismos naturais do rio. O que houve foi a proliferação desses organismos, devido ao acúmulo de matéria orgânica (milho) encontrada somente próxima ao local do acidente. O fluxo constante das águas do Rio São João oxigena a água e elimina qualquer tipo de contaminação. A proliferação das colônias cessará assim que forem concluídos os trabalhos de limpeza do rio, que consiste na retirada dos grãos e na escovação das pedras onde os organismos estão aglomerados. “A previsão é de que esses trabalhos sejam concluídos em até uma semana e a situação normalizada”, disse o biólogo e gerente de Meio Ambiente da ALL, Durval Nascimento Neto. Ele afirmou que o problema é momentâneo e ocorre somente próximo ao local do acidente . “A qualidade da água do rio é normal, comprovada pela presença de peixes e a transparência da água”, salientou.

Voltar ao topo