Portadores de doença renal desconhecem condição

No Brasil, estima-se que a doença renal crônica atinja cerca de 12 milhões de adultos. Destes, a maioria não sabe que tem a enfermidade, considerada ao mesmo tempo grave e silenciosa. O dado está sendo divulgado no XXIV Congresso Brasileiro de Nefrologia, cuja abertura aconteceu na noite de ontem, no Estação Embratel Convention Center, em Curitiba.

Segundo o médico nefrologista Miguel Carlos Riella, que preside o evento, os sintomas da doença só aparecem quando a mesma já está em estado avançado e o paciente já perdeu entre 70% e 80% da função dos rins. Nestes casos, começam a aparecer anemia (que gera palidez e cansaço), inchaço nas pernas e ao redor dos olhos, coceiras pelo corpo, náuseas e vômito, provocado pelo alto grau de toxinas presentes no sangue.

“Pelo fato de a doença ser silenciosa, defendemos seu diagnóstico precoce, o que evita muito sofrimento ao paciente e também gastos com hemodiálise. A doença pode ser detectada através de exame de creatinina (proteína filtrada pelo rim cuja elevação indica a existência de doença renal crônica) ou de urina, na qual a presença de proteína é sinal da enfermidade”, comenta Riella.

Ambos os exames citados pelo nefrologista são realizados por laboratórios do Sistema Único de Saúde (SUS). Devem se submeter a eles principalmente pessoas que tenham pressão alta, diabéticos, obesos ou indivíduos com casos de doenças renais na família. “Entre as pessoas que fazem hemodiálise, 60% são hipertensos ou têm diabetes.” A doença renal crônica também é considerada multiplicadora de doenças cardiovasculares.

Em relação à hemodiálise, quem se submete ao tratamento geralmente o faz de três a quatro vezes por semana, pelo período contínuo de quatro horas. Isto faz com que a pessoa tenha sua qualidade de vida diminuída e passe a enfrentar problemas profissionais, tendo redução de renda. Para evitar estes transtornos, especialistas brasileiros estudam a possibilidade de disponibilizar no Brasil a hemodiálise diária.