Polícia retira invasores de duas fazendas do Oeste

A Polícia Militar encerrou na tarde de ontem a reintegração de posse das fazendas Trento II, em Ramilândia, e Boito, em Medianeira, localizadas a quase 70 km de Cascavel, no Oeste do Estado. Oito pessoas foram presas – seis por porte ilegal de arma e duas por instigar outras pessoas a resistir à desocupação.

De acordo com a Polícia Militar, na Fazenda Boito foram encontrados quatro revólveres e duas espingardas. Já na Trento II, foram apreendidas uma espingarda e uma motosserra, mas não foram identificados os donos das armas. Cerca de 20 homens da PM continuam na área para impedir que as famílias reocupem as fazendas.

De acordo com o capitão Nivaldo Marcelo da Silva, comandante da 2.ª Cia. (Medianeira), cerca de cem homens participaram da operação que durou dois dias e envolveu batalhões de Foz do Iguaçu, Cascavel e Campo Mourão. Segundo ele, a reintegração foi pacífica e a maior dificuldade foi o excesso de pertences das famílias. “Emprestamos caminhões para a mudança, mas eles tinham muitos objetos pessoais, utensílios, animais”, contou o capitão.

Eram cerca de 160 famílias na Fazenda Trento II e 40 na Boito. As pessoas são do Movimento dos Trabalhadores Rurais (MTR) – um grupo isolado que não guarda ligação com o MST. Segundo o capitão, a maioria das famílias foi para Foz do Iguaçu. Outra parte foi para Ramilândia, enquanto algumas famílias permaneceram à beira da estrada.

A Fazenda Trento II tem uma área de 2 mil hectares e estava ocupada desde o dia 20 de agosto. Já a Fazenda Boito tem área de 275 alqueires e foi ocupada em 3 de julho. As duas fazendas são consideradas produtivas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e pertencem, respectivamente, aos empresários Antoninho Trento e Geraldo Boito.

400 famílias na Água da Prata

Foi suspensa ontem a reintegração de posse da Fazenda Água da Prata, em Querência do Norte, no Noroeste do Estado. As quase quatrocentas famílias de sem-terra que estão no local se comprometeram a deixar voluntariamente a área em um prazo de cinco dias, segundo informou a juíza de Direito da Comarca de Loanda, Elisabete Khater.

Ontem pela manhã, cerca de 650 policiais militares foram deslocados para o local e cercaram a área. De acordo com o capitão Gilberto Cândido dos Santos, do 8.º Batalhão de Paranavaí, que acompanhou a ação, houve resistência por parte dos sem-terra em deixar a área. Líderes do MST ingressaram ação no judiciário, solicitando prazo para desocupação. “Foi usado o bom senso, porque eles estavam mesmo dispostos a não sair”, comentou o capitão. As famílias estão na fazenda desde março.

O secretário-executivo da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Jelson Oliveira, lembrou que a área é de bastante tensão. Em novembro de 2001, foi assassinado o sem-terra Sebastião da Maia. Além disso, trata-se de uma área emblemática do movimento pela reforma agrária no Paraná. O local ocupado tem cerca de 1.100 hectares, e sua história registra cinco despejos. Segundo o MST, a fazenda tem laudo de improdutiva. (LS)

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