Polícia interroga médicos acusados de induzir partos

O casal de médicos acusado de praticar dupla cobrança de parturientes e de usar a substância abortiva conhecida comercialmente como Cytotec para induzir partos no Hospital e Maternidade de São José dos Pinhais foi interrogado ontem pela delegada Ana Cláudia Machado, da delegacia de São José dos Pinhais. Presos na manhã de segunda-feira, a pedido da própria delegada e por determinação da juíza da 1.ª Vara Criminal da cidade, Luciani Regina Martins de Paula, Eldo Ern e Cristina Cerniak estão em cela especial no Centro de Triagem, em Curitiba.

Segundo a delegada, a prisão preventiva foi pedida para garantir que as investigações não sejam prejudicadas. Ana Cláudia recebeu denúncias de que os médicos teriam tentado pegar documentos do berçário, adulterar documentos e ainda ameaçado uma das vítimas. A delegada comenta que o advogado Rafael Justus já teria entrado com pedido de habeas corpus. O Estado entrou em contato com o escritório do advogado, mas não obteve resposta.

Segundo a delegada, o inquérito aberto no começo do mês está sendo dividido em dois para agilizar a sua conclusão. Um deles vai tratar da cobrança dupla e o outro do uso da substância. Com relação ao Cytotec, a delegada precisa esperar um laudo pericial de cada caso para saber que tipo de delito pode ter ocorrido. “Em estudos feitos até agora sabe-se que ela pode causar problemas para a mãe e para o bebês”, diz. Nos próximos dias, Ana Cláudia vai ouvir as vítimas da cobrança dupla, também separadamente. Ela ainda não tem idéia sobre o número de vítimas, já que a cada dia alguém liga para a delegacia ou para o Ministério Público (MP).

Em agosto deste ano a nova diretoria do hospital ofereceu denúncia ao MP, que passou a investigar o caso. Os médicos estavam sendo acusados de cobrar dos pacientes procedimentos que já eram pagos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). As investigações comandadas pelo promotor Divonzir José Borges apuraram a suspeita de casos de cobranças com valores que variam entre R$ 100,00 e R$ 800,00. Durante o processo, foi descoberto também o uso do Cytotec, para induzir os partos durante os plantões dos dois médicos. Em agosto, os dois sozinhos realizaram 103 partos, enquanto os outros dez médicos do hospital juntos fizeram apenas 36. Cada um recebe R$ 120 do SUS por parto. Há suspeitas de que a substância tenha provocado a morte de bebês e paralisia cerebral, entre outros problemas, em outros.

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