Em todo mundo, entre 26% e 32% dos acidentes de trânsito são provocados por motoristas que dormem na direção. Diante desta estatística, a Polícia Rodoviária Federal (PRF), em parceria com o Sest/Senat (Serviço Social do Transporte/ Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte), fez ontem, em diversas rodovias do País, blitze educativas para alertar os motoristas sobre os distúrbios do sono. A ação fez parte do Programa Comando de Saúde nas Rodovias.

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Nas proximidades de Curitiba, uma blitz foi realizada no quilômetro 54 da BR-116, no município de Campina Grande do Sul. O alvo principal foram os caminhoneiros, que geralmente trabalham em excesso, dormem pouco, se alimentam mal, não realizam exames de saúde periódicos e não fazem exercícios físicos, convivendo com a obesidade.

Segundo o clínico geral e médico do trabalho do Sest/Senat, Walcimir Rolandi Vieira, que esteve em atividade na BR-116, os principais distúrbios do sono são insônia, ronco, apnéia e Síndrome das Pernas Inquietas.

Eles têm como principais sintomas irritabilidade, dor de cabeça, hipertensão arterial e queda na produtividade, podendo fazer com que os motoristas cochilem, tenham um infarto ou um derrame cerebral ao volante, sendo vítimas de acidentes graves.

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“Muitas vezes, as pessoas até sabem que tiveram uma noite de sono ruim. Porém, não têm consciência da gravidade do problema, principalmente quando se precisa dirigir”, comentou o médico.

Entre as dicas para evitar sono ao volante estão não dormir após as refeições, evitar bebidas alcoólicas e à base de café, não utilizar de forma contínua medicamentos para dormir ou ficar acordado, evitar excesso de trabalho, não comer à noite e combater o sedentarismo. Também durante a blitz, os motoristas abordados puderam realizar exames de pressão, glicose e colesterol.

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Motoristas

Quem passou ontem pela BR-116 aprovou a blitz. Era o caso do motorista Daniel Pereira, que trabalha com guincho há dezoito anos. Ele contou que já cochilou diversas vezes ao volante em função de cansaço e excesso de trabalho.

“Nunca sofri um acidente, mas já levei diversos sustos. Hoje, procuro respeitar mais os limites de meu organismo e entender que eu não sou uma máquina capaz de funcionar o tempo todo”, afirmou.

O caminhoneiro Sérgio Luiz Chaves Dias, que está na atividade desde 1995, também disse se cuidar. “Todos os dias, largo o caminhão às 22h e só pego na direção novamente às 6h da manhã. Dirigir sem dormir direito é muito perigoso.”