Manoel Ribas – O efetivo da Polícia Militar foi reforçado na vizinhança da Fazenda Três Marias, em Manoel Ribas, no Centro-Sul do Estado, para evitar um confronto entre integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e proprietários rurais. A informação é do comandante do Policiamento do Interior do Paraná, coronel Antônio Amauri Ferreira de Lima. Os sem-terra ocupam a área desde o dia 12. As proprietárias da área, de 980 alqueires, conseguiram mandado de reintegração de posse.
O governo do Estado prefere conversar com os trabalhadores, tentando uma saída pacífica. O presidente da Comissão Especial de Mediação das Questões da Terra, padre Roque Zimmermann, pretende ir à fazenda na próxima quarta-feira.
Cerco
Os ruralistas fecharam a estrada que dá acesso à Três Marias impedindo que os sem-terra entrem ou saiam da área. Ontem os trabalhadores reclamaram que precisavam ir à cidade para tratamento de saúde e para comprar alimentos. O comandante do Policiamento do Interior disse que eles têm outra saída da propriedade, não se justificando a reclamação.
“A situação continua tensa, mas a Polícia Militar está presente para evitar o confronto”, afirmou. Segundo o coronel Amauri, o número de pessoas é bem inferior ao anunciado pelas duas partes: quinhentos fazendeiros e quatrocentas famílias de sem-terra. Mas ele não soube dizer quantos são.
Produtividade
O superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Paraná, Celso Lisboa de Lacerda, disse que o laudo de produtividade que está sendo apresentado pelas proprietárias da fazenda não tem mais validade. Ele é de 1998 e os laudos valem por seis meses.
Lacerda afirmou que também não há como fazer nova vistoria, pois medida provisória proíbe a vistoria de área ocupada. Lacerda disse entender tanto a posição dos sem-terra quanto dos fazendeiros, mas pediu entendimento. “Os sem-terra estão sem paciência e os ruralistas ainda não conceberam a reforma agrária”, afirmou.