Plantonistas vivem outro lado da festa do réveillon

O cirurgião geral Adonis Nasr nem lembra quando foi a última vez que festejou o início do Ano Novo com a família e amigos. Plantonista do Hospital do Trabalhador, em Curitiba, Adonis é apenas mais um dos muitos trabalhadores que ficam em alerta durante o feriado. Esses profissionais dedicam seu tempo para dar assistência a quem acaba cometendo exageros, ou para manter serviços essenciais funcionando durante as festas.

O tenente Leonardo Mendes dos Santos, do Sistema Integrado de Atendimento ao Trauma e Emergência (Siate), do Corpo de Bombeiros, espera com expectativa a virada do ano, pois será a primeira vez que fará plantão no Ano Novo. “Pelos anos anteriores, sabemos que o número de ocorrências aumenta bastante, porém prefiro pensar que será como um dia normal para tentar levar da maneira mais tranqüila possível”, afirma. Já o cabo Osvaldo Pedro Eulálio tem mais experiência nesses plantões, pois dos treze anos que está na corporação, trabalhou oito anos durante o feriado.

Para a data não passar em branco, comenta o cabo, os colegas improvisam uma ceia. Alguns familiares até comparecem para acompanhar, mas cientes que quando a sirene de alerta tocar, eles precisam deixar a festa. “O maior pico de atendimento é entre às 22h30 e 1h. Nesse período, todas as onze ambulâncias que atendem em Curitiba ficam na rua”, disse Eulálio. Ele comenta que as principais ocorrências são de acidentes, com fogos de artifício e de trânsito, violência interpessoal e tentativas de suicídio.

Além de não poder estar com a família nesta época do ano, o cirurgião Adonis Nasr lamenta também que todos os anos os mesmos incidentes são registrados. “A gente sai do plantão com o sentimento de dever cumprido. Mas a grande frustração é saber que a maioria desses acidentes poderia ser evitada, se as pessoas não exagerassem no consumo de bebida alcóolica, ou manuseassem com prudência os fogos de artifício”, disse.

Energia

Pensar que está dando conforto às pessoas serve de estímulo ao eletricista de distribuição da Copel, Júlio César Tomaz de Jesus, que também vai virar a passagem do ano trabalhando. “Meu filho até brinca comigo dizendo que o “pai está dando a luz?. E é assim que me sinto a cada vez que alguém liga a luz. Eu sei que estou contribuindo para levar essa energia”, diz. Mas Júlio não vai estar sozinho na empresa.

No setor de call center ? central que recebe todas as chamadas dos consumidores ? cerca de vinte pessoas estarão de plantão 24h. No Centro de Operações serão mais dez pessoas que ficarão responsáveis pela identificação dos problemas no fornecimento de energia. Esses funcionários, explica o gerente da área de Serviços de Curitiba, Antônio Tadeu Pereima ? que também vai estar de plantão no Ano Novo ?, tem condições de atender a mais de um milhão de consumidores.

O supervisor do Centro de Operações, João da Silva, que pelo quarto ano consecutivo vai passar trabalhando na virada do ano, comenta que a família sempre reclama a ausência, mas o conforto dos amigos acaba compensando essa pressão. “Eles ligam para saber que está tudo bem, e se tiver alguma emergência, vem trabalhar junto com a gente”, revela. João comenta que os principais problemas que ocorrem nessa época do ano são com fogos de artifício. Ele ressalta que para evitar problemas na energia, e até mesmo acidentes graves, as pessoas não devem soltar fogos perto de fios de luz.

A técnica em informática Carmem Lúcia Dugonski conta que há dez anos passa a virada do ano no trabalho. Junto com outras três pessoas, Carmem é responsável pela divisão de operação da Celepar, que concentra dados de todos os serviços corporativos do Estado do Paraná. “Ficamos alertas, e se acontecer alguma problema que não conseguimos resolver, temos que acionar um técnico”, explica. Apesar de assumir que a festa perde um pouco da alegria, ela deixa o plantão às 0h30, e corre para casa comemorar a entrada do novo ano. “Ainda dá para pegar o finzinho da festa”, finaliza.

Ladrões também não descansam

Rosângela Oliveira

Para muitas pessoas as festas de final de ano são sinônimo de viagens e descanso. Mas a época também é mais visada por marginais que aproveitam para praticar furtos e arrombamentos. A Polícia Militar estima que o número de ocorrências aumenta em mais de 10%, só no período entre o Natal e Ano Novo. Para tentar barrar a ações dos ladrões muitas pessoas estão investindo em equipamentos de segurança, e até cães de guarda.

As empresas que atuam no ramo de alarmes e monitoramento registraram um aumento de até 30% na procura por sistemas de segurança. O diretor operacional da Sentinela Vigilância SC Ltda, Antônio Carlos de Souza afirma que a maioria dos novos clientes é de pessoas físicas. Somente 10% são de empresas que buscam uma complementação nos equipamentos ou serviços em funcionamento. Ele explica que existem várias opções de sistemas de segurança, para atender todas as necessidades, e bolsos.

Um sistema de alarme, ligado a uma central, que é acionada toda vez que há um intervenção custa cerca de R$ 800,00. Nesse valor está incluindo equipamentos e mão-de-obra, fora o monitoramento mensal que custa R$ 120,00. Outro serviço é o do patrulhamento com rondas motorizadas. O funcionário vai até a residência ou empresa verificar as condições do local. Cada visita sai em média R$ 30,00. Já a contratação de um vigia noturno, que permanece na residência ou empresa por 12 horas, custa R$ 3.800,00 por mês.

Outra opção que também é bastante procurada nesta época do ano é a locação de cães de guarda. A gerente da Dog Alerta – que há treze anos trabalha no ramo -, Vera Castilho, confirma que nos meses de dezembro e janeiro, e durante o Carnaval, a procura chega a dobrar. Vera explica que a empresa trabalha com animais de grande porte, e fica responsável pela alimentação do cão e limpeza do local. A diária deste serviço é de R$ 20,00 pelo aluguel de um cachorro, e de R$ 30,00 por dois animais.

Cuidados

Mas para quem não está disposto a investir em um sistema de segurança, valem as dicas para despistar os ladrões e manter a segurança. O comandante do Policiamento da Capital, coronel Itamar dos Santos, diz que o ideal quando se viaja é avisar um vizinho, e se possível, solicitar que ele acenda e apague as luzes da casa. Se a pessoa for ficar um longo tempo fora de casa, cancelar a entrega de jornais e revistas, e manter a grama aparada, “caso contrário o meliante vai identificar que o local está vazio e o acesso é fácil”.

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