Novas mudas de palmito na propriedade
do agricultor Gilberto Monteiro Marouvo.

O palmito juçara, espécie nativa da Mata Atlântica, está ameaçado de extinção devido à exploração predatória, que pode ser combatida com o plantio de novas mudas. A extração irregular do produto é verificada em todo o Brasil, e boa parte do palmito comercializado no Paraná é ilegal.

No litoral do Paraná, a extração vem crescendo a cada ano, e embora não existam dados estatísticos sobre o assunto, sabe-se que o volume extraído ilegalmente é muito alto. Só esta semana, a Polícia Florestal apreendeu cerca de 350 unidades de palmito in natura e 619 vidros de palmito em conserva em vidros de 300 gramas.

De acordo com o superintendente da Secretaria do Meio Ambiente do Paraná no litoral, Hamilton Bonatto a falta de alternativa de renda acaba atraindo as pessoas para a extração ilegal. Os chamados “palmiteiros” ganham em média R$ 1,00 pela unidade de palmito. “Porém os atravessadores acabam ganhando o triplo com a venda do produto preparado, na maioria das vezes feito em fabriquetas sem condições sanitárias”, disse Bonnato. Segundo ele, a fiscalização para combater a extração ilegal tem sido feita, porém em função da área de preservação ser muito grande, o trabalho acaba sendo ineficaz.

Incentivo

Uma das alternativas que estão sendo desenvolvidas no litoral para tentar diminuir a extração é o incentivo à produção legal do palmito. Por meio de um programa da Secretaria do Meio Ambiente, chamado Plantando Palmito, só neste ano já foram distribuídas 5 milhões de mudas da espécie.

Aliado a esse programa, a organização não governamental Instituto Ideal, de Paranaguá, também vem apoiando os agricultores do litoral no plantio do palmito.

O responsável técnico do Instituto Ideal, João Roberto Barros Silva, conta que o projeto Apoio à Produção Legal e Sustentada do Palmito Nativo teve início neste ano e já conta com a participação de cem famílias. Além da distribuição de mudas e sementes, orientação aos produtores sobre legislação, produção e comercialização, o programa também trabalha com conscientização ambiental em escolas.

“Temos consciência que não vamos acabar com os palmiteiros, mas também temos certeza que reduziremos as extrações ilegais”, afirmou João Roberto.

Projeto

Em uma área de cinco alqueires, o agricultor Gilberto Monteiro Marouvo, de Morretes, já plantou 100 mil mudas de palmito. A intenção do agricultor é montar uma pequena fábrica para a industrialização do produto.

O resultado desse investimento ? que até agora foi aplicado somente na mão-de-obra, já que planta uma média 2,5 mudas por dia ? ele só terá daqui há sete anos, no mínimo, tempo que a espécie leva para atingir a fase de corte. Gilberto afirma que já tem até comprador certo, que vem do Piauí.

O agricultor é dos que aderiram o projeto do Instituto Ideal. Ele brinca que está plantando para ele para os palmiteiros, pois sabe que a fiscalização não funciona. “Durante o dia eles passam com os feixes de palmito em cima do ombro e vão vender lá na frente, e ninguém faz nada”, denuncia. Mas, mesmo assim, ele está confiante com o retorno que deverá ter o cultivo, mesmo que demore. “A minha idéia é plantar 40 mil mudas por ano, e com isso fazer o rodízio para manter a produção equilibrada”, comenta. Enquanto isso não acontece, o agricultor se mantém com outras atividades na propriedade, como a suinocultura e avicultura.

Problemas

Além do apoio da Instituto Ideal e do grupo Águias do Marumbi ? uma ong de Morretes ?, Gilberto reclama da ausência de incentivos por parte do governo do Estado. Ele conta que não conseguiu verbas do programa Paraná 12 Meses porque a esposa possui renda fixa. “Mas o dinheiro seria para eu investir na propriedade”, reclama.

Além disso, a única estrada que dá acesso a área, a Estrada da Fartura, está em péssimas condições. “Quando acontece uma emergência com algum morador é quase impossível sair da localidade”, finalizou.

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