Dinheiro traz felicidade. É exatamente isto o que mostram pesquisas recentes feitas com diferentes faixas etárias e classes econômicas. Quanto maior a renda, maior é a satisfação com a própria vida. Com dinheiro, pode-se comprar mais, adquirir produtos que antes não entravam em casa, fazer atividades que antes o orçamento não permitia, dar mais qualidade de vida para a família. E tudo isso traz satisfação. Mas os efeitos de se ter mais dinheiro são ligados ao momento presente. Para uma felicidade mais duradoura, torna-se necessário investir em educação e conhecimento. Isto trará mais oportunidades e, consequentemente, mais renda também.

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Na semana passada, o Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou uma pesquisa internacional que mediu a perspectiva de felicidade das pessoas. O estudo, feito em 132 países, mostrou que a população brasileira é a mais confiante sobre o seu futuro em todo o mundo. E essa boa perspectiva aumenta quando se pega uma faixa etária mais jovem.

O Brasil não tem o mesmo desempenho quanto à felicidade no presente. Ocupa a 22.ª colocação. A população mais satisfeita é a da Dinamarca. Países da África estão nas posições mais baixas da lista. Os resultados estão relacionados diretamente com o dinheiro. Segundo a pesquisa, quando se dobra a renda, o índice de felicidade cresce 15%. “A renda explica boa parte da felicidade presente, mas nem tanto na felicidade futura”, comenta Marcelo Neri, coordenador do estudo. O desempenho brasileiro é fruto do fim de um período de estagnação na economia do País.

Uma outra pesquisa feita pelo professor Marcelo Peruzzo, também da FGV, constatou que 91% das pessoas da elite do Brasil se consideram felizes. “Existem outros fatores complementares, como mais acesso à educação. Só que estas pessoas também estão em uma faixa etária maior e já têm mais maturidade para responder o que é felicidade. A percepção do jovem para isto pode ser diferente”, considera.

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Peruzzo não concorda com o ditado popular de que dinheiro não traz felicidade. “Com o dinheiro, eu faço o que quero, trago o de melhor para a minha família. E isso traz sim felicidade. Dinheiro é sim fundamental”, afirma o professor.

Ter o poder de comprar um carro, por exemplo, é um fator que gera satisfação pessoal. No entanto, este “poder” pode ser ilusório, pois muita gente paga primeiras parcelas, mas depois não consegue honrar o compromisso e precisa devolver o carro. “As pessoas devem investir mais no ‘ser’ do que no ‘ter’. Com o mesmo dinheiro que gastaria no carro e nos juros, daria para pagar cursos de graduação e pós-graduação. A qualificação e o conhecimento trazem felicidade mais duradoura. Se não fizer isso, a frustração vem”, garante Peruzzo.

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Ter uma boa perspectiva quanto ao futuro também pode ser influenciada pelo espírito otimista dos brasileiros, conforme Neri. Só que, para chegar onde quer, tem que trabalhar e estudar muito. “A educação é a variável mais importante. Houve um ganho em quantidade no País, mas a qualidade da educação ainda é ruim”, conta. Só que, mesmo assim, um maior conhecimento, uma maior qualificação, já está refletindo na juventude brasileira. A renda dos jovens – com mais acesso ao mercado, além da educação – teve um aumento real de 10,5% neste ano. Agora, é esperar que as expectativas se tornem realidade.

Sensação de satisfação imediata

A busca pelo dinheiro é algo normal dentro de uma sociedade como a nossa, ainda mais quando ter uma boa conta bancária traz uma imensa satisfação. Mas essa jornada pelo dinheiro pode se tornar prejudicial. “Um parâmetro para avaliar isso é o sofrimento. Se não traz sofrimento para mim, nem para a minha família
e nem para a sociedade, não há problema. Mas não pode acontecer aquela busca desenfreada que, causa prejuízos para as relações sociais”, comenta o psicólogo Tonio Luna.

Sensação

Para ele, o dinheiro também gera poder e uma sensação de satisfação imediata, mas não significa que isto seja felicidade. “A felicidade também é um momento. Ninguém fica feliz 100% do tempo. O importante é estar bem e com vontade de conhecer”, avalia o psicólogo. (JC)