A possível implementação do sistema de pedágio “free flow” – com sistema de cobrança sem as praças físicas- em áreas urbanas e conurbadas das rodovias paranaenses tem gerado apreensão entre moradores e autoridades locais. Deputados estaduais e prefeitos da região metropolitana de Curitiba e de outras cidades do Paraná estão unindo forças para alertar sobre os riscos dessa cobrança, prevista nas concessões do Lote 4 das rodovias do estado.
Os deputados Luiz Claudio Romanelli (PSD), Tercílio Turini (MDB) e Evandro Araújo (PSD) encabeçam o movimento, solicitando à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) uma reavaliação do modelo de cobrança. “Se não forem estabelecidos critérios diferenciados em trechos urbanos, a população local e de municípios de regiões conurbadas terá grande prejuízo”, alertam os parlamentares.
A preocupação não se limita à capital paranaense. Prefeitos das regiões de Londrina e Maringá, que integram 52 cidades, também manifestaram suas inquietações. Um exemplo citado pela Folha de Londrina ilustra o impacto potencial: com uma tarifa de R$0,20 por quilômetro, o trajeto de 18,5 km entre Sarandi e o Aeroporto de Maringá custaria R$3,70 – um valor considerável para deslocamentos diários.
Conrado Scheller, prefeito de Cambé e presidente da Associação dos Municípios do Médio Paranapanema, ressalta a interconexão entre os municípios: “Milhares de pessoas se deslocam diariamente para trabalhar, em muitos casos, várias vezes ao dia. Há também um grande fluxo de pacientes que vivem e fazem tratamento em municípios diferentes.”
A Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil) também expressa cautela. Em nota, a entidade afirma que “o pedágio é uma ferramenta para o desenvolvimento da infraestrutura rodoviária, desde que o preço cobrado não seja extorsivo”. A Acil enfatiza a importância de não prejudicar as economias regionais ou atrapalhar o fluxo de veículos entre cidades próximas.
Os deputados propõem à ANTT a delimitação de áreas isentas de pedágio em um raio de pelo menos 30 quilômetros fora do eixo urbano ou metropolitano. Eles também sugerem que o sistema “free flow” respeite uma distância mínima em municípios conurbados e que sejam priorizadas rotas alternativas gratuitas.
O debate sobre o pedágio urbano promete ser intenso nos próximos meses, com autoridades locais e associações comerciais buscando soluções que equilibrem o desenvolvimento da infraestrutura rodoviária com as necessidades cotidianas da população curitibana e paranaense.
