O Conselho Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná (Cepha) irá exigir da América Latina Logística (ALL) que a ponte sobre o Rio São João, na Serra do Mar, seja restaurada de maneira a ficar o máximo possível igual a como era antes do acidente com uma composição da empresa, no dia 19 de julho. Toda a Serra do Mar faz parte do patrimônio artístico e histórico do Estado e a ferrovia de 110 quilômetros que liga Paranaguá e Curitiba é considerada uma das cinco maravilhas da engenharia brasileira.
Na última segunda-feira, o conselho se reuniu extraordinariamente e decidiu cobrar a restauração da ponte com o máximo de rigor. Ainda esta semana, a ALL deverá receber correspondência do Cepha alertando que terá trinta dias para apresentar um projeto de restauração assinado por uma empresa especializada. O conselho só pretende autorizar o início da obra caso aprove o projeto.
Emergencialmente está sendo aceita a reconstrução da ponte com materiais modernos, para que o tráfego seja liberado. Mas esses materiais deverão ser trocados quando a ponte for restaurada. “A ponte tem que ser feita com rebites e não com solda”, exemplificou o superintendente no Paraná do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e membro do Cepha, José Lapastina Filho. Ele destacou que peças antigas não podem ser substituídas e sim restauradas. “Substituição só em último caso e com laudo técnico”, afirmou.
Caso a empresa não cumpra as exigências na restauração, está passível de receber uma multa, embora os membros do conselho acreditem que essa seja uma possibilidade remota. O Cepha nunca chegou a aplicar multa por dano ao patrimônio histórico. O membros do conselho consideram os danos ao patrimônio como imensuráveis, mesmo assim, em caso de multa é estabelecido que ela deve ser de até 50% do valor total do bem danificado.
O arqueólogo e vice-presidente do Cepha, Oldemar Blasi, destacou que nos últimos 50 anos não aconteceu acidente que causasse tanto dano como esse. A estrada de ferro que liga Paranaguá a Curitiba foi concluída em 5 de fevereiro de 1885. Inicialmente o projeto foi feito pelo irmãos engenheiros Rebouças, mas teve a execução do engenheiro italiano Antônio Ferrucci e a conclusão do engenheiro Teixeira Soares. Foram 16 anos para que a obra fosse terminada.
Respeito
A ALL comunicou que respeita a posição do Cepha e pretende restaurar a ponte deixando-a o mais próxima do que era. A empresa informou que até o final desta semana o tráfego já estará restabelecido na ferrovia. A Roca Engenharia será a responsável pelo projeto de restauração da ponte. A ALL informou que a limpeza do Rio São João será facilitada a partir da liberação do tráfego na ferrovia.