Foto: Chuniti Kawamura

Tribunal serviu para mostrar à sociedade como funcionam os processos.

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O período da ditadura militar no Brasil foi relembrado ontem, em Curitiba, durante o Seminário Anistia e Democracia – Direito à Memória e à Verdade, promovido pelo grupo paranaense Tortura Nunca Mais.

Sete paranaenses que sofreram perseguições políticas durante a ditadura tiveram seus pedidos de anistia julgados durante o evento, após os processos terem passado por um período longo de avaliação. O ?tribunal?, porém, serviu para mostrar à sociedade como e porque ocorrem estes processos.

O seminário estava inserido no quinto encontro da Caravana da Anistia do Ministério da Justiça (MJ), que ocorreu desde a última quarta-feira até ontem, no Colégio Estadual do Paraná.

Uma das pessoas que solicitou a anistia ao governo federal, o professor de Artes Rômulo Daniel Barreto de Farias, 54 anos, teve seu pedido deferido pela Comissão de Anistia do MJ. Na época da ditadura, Farias era estudante e foi preso por distribuir manifestos ?subversivos?.

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Durante os dez minutos que tinha direito à defesa, ele preferiu mostrar que continua ativo e declamou o poema Pátria Minha, de Vinícius de Moraes. ?Apesar de tudo que sofri, nada foi em vão?, disse o professor.

Dimas Floriani, preso em 1970, também estava presente e recebeu a declaração de anistia. Outro anistiado foi Gildo Scalco, que era professor na época da ditadura e, em 1969, foi torturado durante interrogatórios.

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Os outros que não estavam presentes (Horácio de Carvalho, Antônio José Messias, Regenis Prochmann, já morto, e Sebastiana Bittencourt Guimarães) também foram anistiados.

A Comissão de Anistia do MJ já recebeu 61,3 mil requerimentos que solicitam simplesmente a declaração de anistia ou mesmo reparos econômicos pelos sofrimentos da época. Destes, 38 mil já foram julgados e 25 mil, deferidos. Todos os anos, a comissão recebe cerca de 4,5 mil pedidos. Não há dados tabulados por estado.

De acordo com Eduardo Pazinato, da comissão, os encontros da caravana têm o objetivo de apresentar à sociedade uma reflexão sobre este período, além de aproximar os julgamentos da população.

Na opinião do presidente do Tortura Nunca Mais, Narciso Pires, trata-se de uma forma pública de mostrar que o Estado deve reparar o que fez. ?É o Estado brasileiro pedindo desculpas?, afirma.

Os encontros já foram realizados no Rio de Janeiro, São Paulo e Goiânia, mas a idéia é atingir todos os estados até 2010. Também até essa data, a comissão pretende construir um memorial.