Paraná poderá ficar sem professores em dez anos

O Paraná pode ficar sem professores nos próximos anos, assim como outros nove estados brasileiros. Essa é uma das principais conclusões da pesquisa Retratos da Escola 3 ? Situações dos trabalhadores da educação básica, que será divulgada amanhã, durante coletiva em Brasília.

O levantamento foi feito pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e aponta que a maioria dos educadores nos estados pesquisados é composta por mulheres ? que se aposentam aos 25 anos de trabalho, conjugados com a idade ?, está na faixa dos 40 aos 59 anos e já tem, em média, 15 anos de serviço.

“A gente sabe que o magistério não é uma categoria muito nova, e a pesquisa mostrou que o quadro na área de educação não está sendo renovado”, aponta a presidente da CNTE, Juçara Dutra Vieira. No Paraná, a pesquisa mostra que a faixa etária dos 18 aos 24 anos abrange apenas 1,8% da categoria. A faixa dos 25 aos 39 anos responde por 50,9% da categoria, e dos 40 aos 59 anos, 46,4%. Foram respondidos 112 questionários no Estado.

Outros dados colhidos no Paraná dão conta que 77,7% dos educadores são do sexo feminino, 67% têm ensino superior e especialização, 72% têm carga de trabalho de 40 horas semanais. Em relação ao salário, a maioria dos entrevistados respondeu que ganha entre R$ 750,00 e R$ 1 mil (27,7%), seguida pela faixa entre R$ 1 mil e R$ 1.250,00 (16,1%), R$ 1.250 e R$ 1,5 mil (13,4%) e entre R$ 200 e R$ 300 (13,4%). A média do tempo de serviço é de 13 anos.

“A educação pode enfrentar problemas graves nos próximos anos se não forem tomadas medidas imediatas para valorizar o magistério, melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores em educação e as condições de trabalho da categoria”, alerta Juçara. Segundo ela, é preciso desenvolver ações para que a profissão seja atrativa. “Existe especialmente a questão salarial, mas há também outros fatores, como as más condições de trabalho”, lembra. “Essa é uma preocupação de toda a sociedade. O Brasil não pode ficar sem escolas públicas.”

A pesquisa ouviu, em abril do ano passado, 4.565 educadores (professores e funcionários) de dez estados, cujas bases locais, em seu conjunto, representam 30% da categoria em todo o país, que é de 2,5 milhões de educadores. Além do Paraná, foram pesquisados profissionais do Tocantins, Espírito Santo, Alagoas, Mato Grosso, Piauí, Minas, Goiás, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul. O resultado da pesquisa servirá como subsídio para se tentar resolver os problemas da categoria.

A Secretaria Estadual de Educação (Seed) foi procurada pela reportagem do Paraná-Online para comentar o resultado da pesquisa e as ações do governo para tentar evitar transtornos no futuro, mas até o fechamento da edição o jornal não obteve resposta.

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