Paraná pode proibir circulação de “litrão”

“Um cacareco ambiental.” Foi como o secretário estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues, classificou as embalagens de vidro de um litro de cerveja, recém-lançadas por uma fabricante.

Ele salientou, ontem, que o Estado pode até proibir a comercialização do produto, caso a empresa não tome os devidos cuidados quanto ao retorno dos cascos. Já a cervejaria comentou a declaração do secretário, justificando o lançamento do produto e reforçando que a embalagem é, sim, retornável.

“A empresa não tem uma logística de recolhimento. É um produto feito para poluir”, afirmou o secretário. Para ele, são necessários espaços adequados, principalmente nos supermercados, que recebam as embalagens vazias. “Providência nenhuma foi tomada nesse sentido”, completou.

Para Rodrigues, a cervejaria desrespeita o direito do consumidor e faz propaganda enganosa. Segundo ele, as garrafas são vendidas como se fossem retornáveis, mas isso não acontece na prática, já que não há pontos de recebimento das garrafas nos supermercados.

O secretário também lembrou que, em reunião com fabricantes de cerveja, no mês passado, a mesma cervejaria já tinha sido questionada sobre a embalagem. A reunião tinha o objetivo de discutir um plano de ação para aumentar a reciclagem das garrafas long neck.

Na ocasião, segundo ele, a fabricante garantiu que iria tomar providências sobre os pontos de recebimento, e chegaram a comunicar os supermercados, mas até agora nada aconteceu”, informou.

Questionado sobre que ações o Estado poderá tomar sobre o assunto, Rodrigues respondeu que o caminho é exigir da empresa um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) em relação ao produto.

“Trataremos da mesma forma como estamos tratando as long necks”, informou. “Senão, há outros caminhos, como algumas prefeituras já fizeram: proibir o produto.”

A cervejaria, em comunicado oficial, reforçou que a embalagem denominada “Litrão” é a única de um litro retornável do mercado e que, fruto de cerca de um ano de pesquisas, foi lançada em diversas praças.

Ressaltou, ainda, que toda a comunicação do produto reforça que a embalagem é retornável. E, por fim, justificou que a embalagem foi lançada “a partir do crescimento do consumo de cerveja em casa apresentado em algumas regiões brasileiras, inclusive o Paraná”.