Paraná é o Estado que mais destruiu a Mata Atlântica

O Paraná foi responsável por mais de 44% do total de desmatamento na Mata Atlântica, em todo o país, no período de 1995 a 2000, segundo dados do levantamento realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, divulgados esta semana. “A situação do Paraná é de uma hemorragia num paciente que já estava moribundo”, diz o superintendente da Fundação SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani.

Os resultados do levantamento SOS/INPE, divulgado no Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica (período 1995-2000), revelam que foram derrubados no País 403.253 hectares de floresta, dos quais 177.816 hectares no Paraná. Foram considerados no levantamento os remanescentes de florestas primárias -que mantém a condição original, e secundárias em estágio médio e avançado de regeneração em oito estados brasileiros. Essas formações florestais estão protegidas pelo Decreto 750/93, que proíbe a supressão de vegetação primária ou em estágio avançado de regeneração, nas florestas localizadas no Domínio da Mata Atlântica e restringe o uso nas florestas secundárias em estágio médio de regeneração.

Sem restrições

“A derrubada de florestas, no Paraná ocorreu sem restrições, como se o desaparecimento de 177 mil hectares de floresta pudesse passar despercebido”, denuncia Mantovani. Como um hectare corresponde a, aproximadamente, as dimensões de um campo de futebol, Mantovani afirma que durante cinco anos o Paraná derrubou o equivalente a 97 campos de futebol por dia ou 4 campos por hora, dia e noite, “sem que o governo tomasse qualquer providência”. A gravidade desse quadro aumenta se for considerado apenas o total de floresta primária e em estágio avançado de regeneração, onde foram derrubados 60.146 hectares de floresta, restando apenas 8,2% da área original.

A nova versão do Atlas trouxe algumas modificações na metodologia, que permitem analisar as dimensões do desmatamento não apenas nas áreas de floresta mais conservadas como também naquelas em processo de recuperação, que poderiam representar a possibilidade de ampliar a cobertura florestal. No Paraná, a maior devastação ocorreu nessas áreas, alcançando 117.670 hectares. “O avanço sobre essas áreas torna ainda mais crítica a situação do Paraná porque destrói a possibilidade de recuperação e comprova a ausência completa de preocupação do governo atual em mudar o quadro, que já era grave em 1995”, conta Mantovani. Ele observa que, no mapeamento realizado entre 1990 e 1995, o Paraná conseguiu segurar o desmatamento, fato que deu ao então governador Roberto Requião o Troféu da Mata Atlântica. “Agora, só nos resta entregar ao governador Jaime Lerner o troféu Motosserra”, lamenta Mantovani.

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