Paraná cria fórum contra Aids

Deputados da Assembléia Legislativa (AL) do Paraná integram a Frente Parlamentar em HIV/Aids, lançada ontem em Curitiba. A frente terá como objetivo envolver os poderes executivo e legislativo em ações de articulação e viabilização de projetos para trabalhar a prevenção e redução da Aids no Estado. A Assembléia Legislativa do Paraná é pioneira nessa iniciativa, e espera contar com a Frente Parlamentar em HIV/Aids Nacional.

O presidente da Comissão de Saúde Pública da AL e presidente da Frente estadual, deputado estadual Luciano Ducci disse que a intenção é mobilizar esses estados para que em maio se possa fazer um encontro para discutir a problemática na maior parte do País. Segundo Ducci, o Paraná saiu na frente nessa iniciativa pelo próprio repertório de Curitiba ser pioneiro em diversas ações. Ele citou como exemplos a gratuidade de exames de HIV nos postos de saúde, o projeto Mãe Curitiba que trabalha e a redução da transmissão vertical do vírus.

O diretor adjunto do programa DST/Aids do Ministério da Saúde (MS), Raldo Bonifácio Costa Filho disse que a iniciativa do Paraná é muito bem vinda, “pois quando se pensa em controlar a epidemia é preciso envolver diversos segmentos”.

Tecnologia

A grande preocupação hoje é com o aumento de casos entre os heterossexuais, já que em 65,5% dos homens com aids, a contaminação aconteceu em relações com mulheres. A justificativa é a falta de prevenção nas relações estáveis, e o homem por confiança na parceira, não usa preservativos. Diante disso, Raldo Costa Filho afirmou que o MS vai mudar o foco das campanhas de conscientização.

As principais metas incluem a melhoria da cobertura e a qualidade das intervenções de prevenção e assistência, o fortalecimento dos gastos com monitoramento e avaliação das ações e a introdução de novas tecnologias no campo de vacinas e tratamento. (Rosângela Oliveira)

Ajuda para mulheres com HIV

N.R.S, 27 anos, ficou sabendo que era portadora do vírus da aids em 2000 e alguns meses depois veio a notícia de que um dos filhos também era. Ela achou que ia morrer e estava revoltada por ter transmitido a doença. A situação vivida por N.R.S. é comum a muitas mulheres, algumas entram em desespero e desistem de viver. Para ajudar a atravessar a fase, a Associação Paranaense Alegria de Viver (Apav) criou o programa Mães da Vida, com o objetivo de trabalhar com as diversas situações psicológicas desencadeadas pelo HIV, elevando a auto-estima e, em conseqüência, a qualidade de vida.

A Apav, no princípio, realizava um trabalho de entrega de cestas básicas, mas os psicólogos da instituição observaram que as mães eram pessoas muito deprimidas. A falta de informação sobre a doença, o preconceito, a falta de perspectiva de vida e o sentimento de culpa atormentavam essas mulheres. Djalma Lobo Júnior e Inara Rodrigues criaram então um programa que tem como foco o resgate da auto-estima. Eles conseguiram mostrar para as mães que a vida ainda tinha sentido e eram capazes de pôr em prática seus projetos pessoais. Hoje, algumas são até multiplicadoras do trabalho nas suas comunidades.

No Mães da Vida, as mulheres participam de 12 encontros onde são tratados variados assuntos. No primeiro são feitas dinâmicas para que conheçam melhor a si mesmas e entendam a sua importância dentro da família. “Muitas vêm de uma família onde não eram valorizadas, onde a mulher tem um papel secundário, sem contar a violência e inúmeras privações”, diz.

As mães também desmistificam mitos. “Muitas pensam que quem tem aids é aquela pessoa que está sofrendo no hospital, magra, promíscua, que levava uma vida desregrada e agora está pagando por algo que fez”, comenta o psicólogo. Com a auto-estima elevada, as mães começam a se cuidar melhor e a também cuidar melhor dos seus filhos, seguindo corretamente as indicações médicas. O psicólogo completa, dizendo que o estresse a que essas mulheres estavam submetidas ajudava a desenvolver sintomas próprios da doença e agora elas estão bem melhores de saúde. Outra vitória do programa é a participação dos pais.

Além dos encontros, as mulheres também participam de oficinas onde aprendem trabalhos manuais e realizam atividades como bio-dança. Prova de que o trabalho está dando resultados é N.R.S., que arranjou trabalho e até voltou a estudar, e está terminando o 1º grau. Mas, mesmo com a vida encaminhada, ela reclama do preconceito. “Já fui na casa de pessoas que sabiam da doença e ficavam cuidando para ver qual copo eu tinha bebido. Apesar de existir tantas campanhas, existe muita ignorância sobre a doença”, comenta. Para se preservar desse tipo de situação, não revela sua condição de portadora do vírus.

No entanto, apesar de ainda ter que enfrentar a batalha do preconceito, os medos que sentia antes, se dissiparam e, agora, ela batalha para melhorar sua condição de vida e já consegue olhar para o futuro com esperança e orgulho de si mesma. As atividades da Apav são financiadas pelo Ministério da Saúde e Banco Mundial.

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