Paraná aumenta mistura de álcool na gasolina

O governador Roberto Requião assinou na sexta-feira decreto que aumenta de 20% para 25% a adição de álcool na gasolina para o Estado do Paraná. O decreto de n.º 1.309 entra em vigor na data de publicação. A medida foi adotada por sugestão do secretário de Estado do Meio Ambiente, Luiz Eduardo Cheida, em razão de o álcool ser um combustível menos poluente e pela chegada do inverno, quando os gases ficam mais baixos, se dispersam menos, o que agrava o efeito nocivo da poluição atmosférica sobre a saúde humana.

Segundo Cheida, a redução do percentual de mistura agrava a poluição atmosférica com produção de mais gás e monóxido de carbono. Este último, segundo Cheida – que é médico – se liga irreversivelmente aos glóbulos vermelhos, destruindo-os. “No frio, a menor dispersividade dos gases e a tendência de que eles têm de baixar provoca maior número de doenças cardíacas e respiratórias graves. Voltar aos índices de 25% na mistura significa reduzir a poluição atmosférica. É uma demonstração de que o governador Roberto Requião tem, mais do que qualquer outro, grande preocupação com a saúde do ambiente e dos seres humanos”, disse.

De acordo com a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo (Cetesb), sobretudo no período de inverno, ocorrem as chamadas “inversões térmicas”, que é uma condição meteorológica decorrente da sobreposição de uma camada de ar quente a uma de ar frio, impedindo o movimento ascendente do ar.

Como nessa camada mais baixa fica mais frio, o ar mais pesado faz com que os poluentes se mantenham próximos da superfície, sobretudo no período noturno. Em um ambiente com um grande número de indústrias e de circulação de veículos, como o das cidades, a inversão térmica pode levar a altas concentrações de poluentes, podendo ocasionar problemas de saúde.

Desenvolvimento

Para o secretário Luiz Eduardo Cheida, outro efeito importante do aumento da adição do álcool é o de mostrar como é possível compatibilizar desenvolvimento econômico com equilíbrio ambiental. “Mesmo que implique em pequeno aumento de consumo de álcool, esse é um bom exemplo de desenvolvimento sustentável.”

De acordo com Edilson Bernardim Andrade, assessor do Centro Brasileiro de Referência em Biocombustível, do Tecpar, o aumento do percentual de álcool na gasolina em até 26% produz efeitos positivos na redução de poluentes lançados na atmosfera. “A gasolina não é um combustível oxigenado, queima com dificuldade. O álcool é uma molécula curta, com oxigênio, facilita a combustão da gasolina e emite menos poluentes”, explica.

Com base na legislação, Lei Federal 8.723, de 28 de outubro de 1993, os motores de carros são construídos para funcionar com uma mistura de 22% de álcool na gasolina. Apesar disso, as montadoras ajustam os carros para que possam trabalhar com uma pequena margem de diferença, de forma que o aumento da quantidade de álcool para 25% não causa prejuízos ao funcionamento e durabilidade dos motores. “Não há nenhum problema para os carros, pelo contrário. O rendimento do motor é ainda maior”, considera Adriano da Silva Dias, superintendente da Associação de Produtores de Álcool e Açúcar do Estado do Paraná (Alcopar). Segundo dados da Alcopar, nas duas últimas décadas, essa é a segunda vez que a mistura de álcool na gasolina atinge o índice de 25%.

Para Pedro Millan, diretor de planejamento do Sindicombustíves-PR, as mudanças na quantidade de álcool e gasolina têm como regulador os períodos de safra e entressafra da cana-de-açúcar, que são diferentes para as regiões Centro-Sul e Norte-Nordeste. Para a região Centro-Sul, a estimativa da Alcopar é que o aumento do índice de álcool na gasolina represente a venda de 1 bilhão de litros de álcool anidro a mais, em 2003, de um equivalente total de 6,2 bilhões de litros.

Redução de preço

O aumento do álcool na gasolina, autorizado pelo governador Roberto Requião, também pode ser uma boa notícia para o bolso do consumidor. A redução da quantidade da gasolina em 5% na mistura pode representar o barateamento dos custos do produto. O valor mínimo do litro da gasolina no varejo está custando R$ 1,939, enquanto que o álcool é encontrado a R$ 1,23.

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