Paraguaios voltam atrás e fecham Ponte da Amizade

Apenas doze horas depois de reabrir, paraguaios fecharam novamente a Ponte Internacional da Amizade, em Foz do Iguaçu. A travessia foi bloqueada por volta das 10h de ontem, em resposta às novas ações da Receita Federal, que apreendeu mais seis veículos. Sacoleiros e trabalhadores brasileiros ficaram retidos no país vizinho até por volta das 17h, quando a via foi reaberta por causa da forte chuva na região. A Polícia Federal (PF) disse que recebeu informes de agressões a brasileiros em território paraguaio e que as pessoas "devem analisar a necessidade de atravessar a fronteira entre os dois países".

O novo fechamento contraria o compromisso entre os dois países de manter livre circulação, firmado na quarta-feira, em Brasília. A manifestação foi coordenada por motoristas, mototaxistas e trabalhadores de outros setores sem a anuência dos governantes de Ciudad del Este e do estado de Alto Paraná, que emitiram uma nota criticando a continuação das apreensões.

Depois de três dias fechada, a ponte amanheceu aberta. O movimento foi grande, pois o comércio, que esteve fechado desde segunda-feira, reabriu suas portas. A expectativa dos lojistas era recuperar o prejuízo causado pelos três dias de inatividade. Mas o entusiasmo acabou assim que a Receita apreendeu veículos que levavam mercadorias sem nota ou acima da cota permitida.

Manifestantes logo fecharam a via e permitiam a passagem somente de paraguaios que comprovassem a origem com a carteira de identidade. "Estão brincando com a gente", disse Cristian Acosta, um dos líderes dos taxistas. "Agora, é o povo que fechou e só o povo decide quando reabre". Ele criticou as autoridades paraguaias, que teriam dado uma versão "mentirosa" para o resultado do encontro com membros do governo brasileiro. "Disseram que o Brasil ia relaxar um pouco a fiscalização".

À tarde, o governador do estado de Alto Paraná, Gustavo Antonio Cardozo, e o prefeito de Ciudad del Este, Javier Zacarías Irún, emitiram um comunicado direcionado ao presidente Nicanor Duarte exigindo uma atitude "patriótica e firme" em defesa dos paraguaios. "Advertimos que, caso não se mostre a firmeza requerida, as autoridades departamentais vão se retirar de qualquer mesa de negociação", ameaçou a nota. Os dois viajaram ontem para Assunção, para falar pessoalmente com o presidente.

A nota seria uma resposta ao acordo firmado na reunião entre o Brasil e Paraguai que liberou o tráfego temporariamente na ponte. Os dois políticos repudiaram os termos da ata, que não liberou os 36 veículos apreendidos pela Receita nas últimas semanas. A secretária adjunta da Receita, Clecy Maria Busato Lionço, reafirmou a disposição de só liberá-los mediante procedimento administrativo ou ação judicial. Segundo ela, em nenhum momento da reunião ficou estabelecido que os veículos seriam liberados ou que a fiscalização seria esmorecida.

Apreensão

Na quarta-feira policiais federais e técnicos da Receita apreenderam cerca de US$ 100 mil em mercadorias diversas, que lotaram dois caminhões- baú. Em uma pousada em Foz do Iguaçu, os policiais localizaram 10 mil pacotes de cigarros, 3,6 mil litros de bebidas, além de peças de informática, eletrônicos e brinquedos. Os donos das mercadorias sofrerão processo fiscal e criminal pela posse das mercadorias descaminhadas.

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