Mais de cem anos de história não foram suficientes para que o Jockey Club do Paraná resistisse à concorrência de novas atrações em Curitiba. Em seus tempos áureos, o espaço chegou a abrigar mais de mil cavalos de corrida ao mesmo tempo. Hoje, são cerca de 480. O público também era muito maior. Esquecido pelos curitibanos atualmente, o espaço terá que se reinventar para poder atrair o público novamente. A primeira dessas mudanças já está acontecendo. Parte das cocheiras já foi destruída para a construção de um shopping. Também está prevista uma revitalização do espaço, por meio de uma parceria com uma empresa espanhola.

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As novidades devem trazer mudanças não só para quem mora no bairro do Tarumã, mas principalmente para aqueles que vivem o cotidiano do Jockey Club. Há mais de 30 anos trabalhando como treinador de cavalos, Carlos Pereira Gusso acompanhou de perto todo o processo de decadência do espaço. Ele conta que no auge, havia pelo menos duas corridas por semana, enquanto atualmente elas acontecem apenas uma vez a cada 15 dias. “O público foi diminuindo porque não houve renovação. Os jovens não se interessam mais pelas corridas porque a tradição não foi passada adiante e agora existem muitas outras opções, como os shoppings”, explica.

Com a redução do público, as apostas também diminuíram e, consequentemente, os valores dos prêmios ficaram menos atrativos para os proprietários – 30% da arrecadação com as apostas de cada corrida são destinadas ao pagamento dos vencedores. “Antes, os prêmios das corridas eram altos e pagavam os gastos do cavalo por muito tempo. Então, os proprietários de cavalos gastavam menos e qualquer um podia ter o seu animal, até mesmo donos de padaria ou açougue. Como os custos foram aumentando, os filhos dos proprietários já falecidos não seguiram com a tradição”, conta.

Felipe Rosa

Custo proibitivo

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Um dos antigos proprietários que desistiu de manter um cavalo de corrida no Jockey é o oficial da reserva Henrique Mehl. “Minha família sempre teve interesse nesses animais, já chegamos até a ter duas cocheiras aqui no Jockey, mas tudo foi ficando muito caro e já não tenho mais cavalo há uns oito anos”, afirma. Mesmo assim, Mehl continua frequentando o espaço quando pode, pois “esse ambiente é uma vida, é uma diversão vir aqui e ficar conversando sobre cavalos”. O Jockey Club do Paraná é um dos únicos quatro hipódromos oficiais brasileiros – os outros estão em Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro. A próxima corrida acontece nesta sexta-feira, às 17h. A entrada é franca e a aposta mínima é de apenas R$ 1.

Saiba mais do Jockey no vídeo.

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