Descer do carro durante uma viagem e caminhar até o banheiro é uma tarefa fácil para a maioria das pessoas. Porém, para milhares de deficientes físicos, é uma atividade cansativa, estressante e até constrangedora. Muitos se queixam da falta de infra-estrutura especial para deficientes ao longo das estradas brasileiras.
O profissional autônomo Norberto Nicolau Sens, que utiliza cadeira de rodas, faz parte de um time de basquete composto por deficientes físicos e, com freqüência, enfrenta viagens longas a fim de participar de competições. Ele conta que, durante a maioria dos percursos, a maior dificuldade costuma ser encontrar banheiros adaptados a pessoas com dificuldade de locomoção.
“Uma vez fiz uma viagem de Curitiba a Cascavel, precisei parar três vezes no caminho para utilizar o sanitário e não encontrei um único banheiro adaptado”, lembra. “Quando dificilmente encontro um, tenho dificuldade de chegar até ele devido à falta de rampas e a pisos muito lisos que fazem com que a cadeira de rodas escorregue.”
Uma vez, Norberto viajava sozinho em seu carro, que é adaptado, e precisou da ajuda de um funcionário do posto de parada para ir ao banheiro. “O funcionário teve que me carregar para eu conseguir chegar ao banheiro, que não era adaptado a deficientes físicos. Ele foi muito gentil, mas eu me senti imensamente constrangido”, lembra.
Norberto pretende entrar na Justiça e pedir indenização por danos morais a concessionárias que não mantêm, ao longo das estradas, banheiros adaptados. “Quando viajo com meu time de basquete para competições, o maior problema ocorre sempre na hora de usar o banheiro”, conta Norberto. “Geralmente são quatorze deficientes físicos dentro do ônibus e que enfrentam muitas dificuldades. Já cheguei a ter que fazer minhas necessidades fisiológicas no meio do mato porque era mais fácil do que chegar até o banheiro. É muito humilhante e constrangedor.”
Concessionárias
A concessionária Rodonorte afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que todos os seus banheiros são adaptados a deficientes físicos, tanto os femininos quanto os masculinos. A empresa disse que tem passarelas com rampas, banheiros largos e adaptados, além de funcionários orientados a prestar atendimento a qualquer usuário, seja ele deficiente físico ou não.
O chefe do Derau (Departamento de Relacionamento e Atendimento ao Usuário), da Ecovia, Edmar Borralho, informou que a concessionária inicia no mês que vem a reforma nos postos do SAU (Serviço de Atendimento ao Usuário), instalados ao longo da BR-277 (trecho Curitiba-Paranaguá). O projeto faz parte da nova estrutura de atendimento ao usuário e prevê a implantação de rampas de acesso e de banheiros para portadores de deficiência. As obras serão iniciadas em meados de novembro, assim que o projeto arquitetônico for concluído.