Pais sociais merecem homenagem especial

Hoje é o dia dos pais. Seria uma data muito triste para muitas crianças se não fossem os pais sociais. São eles que vão receber as homenagens na escola e ainda ganhar a lembrancinha confeccionada com tanto carinho para a data. Jonas Vaz é um deles. Ele e a esposa, Vanessa Pereira da Silva Vaz, cuidam de 29 crianças e adolescentes em uma chácara da missão El Shaddai, em Piraquara. Representam a esperança de um futuro melhor.

Para a chácara, o Conselho Tutelar encaminha crianças e jovens que vêm de lares desestruturados. Lá, além de encontrar alimentação, roupas limpas e um lugar para dormir, há também o carinho dos pais sociais. Jonas fala que os pequenos mostram o quanto são carentes. Chegam de mansinho, abraçam e o chamam de pai. Já os mais velhos são mais reservados. Para eles, são reservadas as conversas e os jogos de futebol.

Jonas tenta deixar o local o mais parecido com a rotina de uma casa. No entanto, pela quantidade de gente é necessário seguir regras e horários determinados para as refeições e para o banho. O dia-a-dia deles se divide entre a escola e atividades na chácara. Depois da aula fazem as tarefas, a limpeza do terreno e a manutenção da horta. Em seguida, vêm as horas de lazer que incluem o pingue-pongue e até natação num lago que há no local.

Jonas também vai toda a semana até as três escolas onde eles estudam para acompanhar o rendimento escolar. É ele quem ouve as reclamações dos professores e tem a missão de “puxar a orelha”, quando as coisas não vão bem. Mas também é ele quem vai receber as homenagens feitas pela escola para a data e, ainda, ganhar as lembrancinhas. “Como os outros colegas de turma, eles também têm para quem dar o trabalho”, fala Jonas.

Segundo ele, não é muito difícil manter a disciplina no local. Ele fala que quando os jovens estão na rua não têm medo de nada e de ninguém. Ali é diferente: eles encontram o respeito e passam a respeitar também. Mas é claro que brigas, vez por outra, acontecem. Mas o medo de ter que lavar a louça do almoço tem ajudado a acalmar os ânimos.

Para essas crianças e jovens, a oportunidade de sair da rua ou ficar longe de pais alco-ólatras e drogados representa uma nova chance, a possibilidade de uma vida melhor. “Acho aqui ótimo. Tem comida, um lugar para dormir e também o Jonas, a Vanessa e a tia da cozinha. São todos muito legais”, fala Leandro Soares de Oliveira, de 11 anos.

Mesmo tentando tornar o dia-a-dia o mais parecido ao de uma família, Jonas sabe que não vai conseguir substituir totalmente o carinho de um pai. As crianças sentem falta de exclusividade de atenção. Por isso, eles fazem visitas às famílias e tentam reintegrá-las novamente.

Tudo começou nos EUA

A homenagem ao dia dos pais começou em 1909, proposta por Louise Smart Dodd, que morava em Washington. Ela queria um dia especial para homenagear seu pai, Willian Smart. O primeiro dia em que a data foi comemorada foi 19 de junho de 1910. Pouco tempo depois, já havia se espalhado por outras cidades americanas. Em 1972, Richard Nixon proclamou oficialmente o terceiro domingo de junho como Dia dos Pais.

No Brasil, a data é comemorada no segundo domingo de agosto e foi festejada pela primeira vez no dia 14 de agosto de 1953. A comemoração foi importada dos EUA pelo publicitário Sylvio Bhering, e teve sua data alterada de junho para agosto por motivos comerciais. (EW)

Desempregado é a situação de muitos pais

Muitos pais vão ter que passar a data de hoje, dia dos pais, desempregados. Não se sabe ao certo quantos são, mas dá para se ter uma idéia analisando o número de pessoas que procuram emprego na Agência do Trabalhador. Só em uma delas, 15.396 pessoas fizeram ou atualizaram o seu cadastro no mês de junho. Cinquenta e seis porcento deles eram homens e a maioria com idade entre 18 e 30 anos. Do total de cadastrados, apenas cerca de 850 conseguem voltar ao mercado de trabalho.

José Carlos da Silva, 34 anos, está há sete meses desempregado. Tem dois filhos, um de 11 e outro de 12 anos. Cansado de procurar emprego, está aceitando qualquer oferta de trabalho. “Frentista, estivador ou metalúrgico”, aponta. Ele se separou da mulher e não consegue pagar a pensão alimentícia. A ex-esposa tem sustentado sozinha as criança. “É complicado. Quero ajudar meus filhos. Comprar o que eles precisam, roupas, material escolar…”, comenta.

Vilson Bueno do Nascimento, 46 anos, há 10 anos trabalha sem registro. Conta que atua na construção civil e que agora o trabalho está escasso. “Quero ver se consigo um emprego fixo”, fala. Como os filhos já estão grandes, por enquanto, o sustento da casa está por conta deles.

Jean Carlos de Oliveira, 27 anos, é pai de três filhos e perdeu o emprego há alguns dias. Não quis perder tempo e já estava na agência. “Acho que não vai ser difícil. Tenho experiência e nessa área há poucos profissionais”, comenta. (EW)

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