Pacientes trocam hospital psiquiátrico por república

A partir de hoje oito internos do Hospital Psiquiátrico Nossa Senhora da Luz (HPNSL) vão deixar o hospital para morar em uma república. Esses pacientes viveram por períodos de dois a 42 anos no local, e agora voltam a ter uma vida normal, com independência e reintegrados à sociedade.

A experiência faz parte de um projeto de residências terapêuticas, preconizado pelo Ministério da Saúde, e que prevê a substituição de internamentos hospitalares por programas alternativos de reintegração. Com isso se pretende reduzir as ocupações, e acabar, gradativamente, com os macro-hospitais que servem como asilos para pacientes que perderam o vínculo com a família e sociedade, explicou o diretor-geral do HPNSL, Dagoberto Hungria Requião.

Os pacientes que recebem alta hoje estão passando por um período de adaptação que começou há onze meses. A comunidade que receberá os novos moradores também foi preparada para acolher os ex-pacientes. Segundo explica a assistente social do HPNSL, Rosana Mariano, a casa ? que fica no Alto Boqueirão ? foi escolhida pelos internados, que também fizeram a seleção de quem seriam as pessoas que conviveriam no mesmo espaço. “Isso foi uma escolha por afinidades aqui dentro”, disse Rosana.

Os ex-asilados serão acompanhados por “cuidadores”, que foram selecionados dentro da comunidade, e continuarão tendo atendimento diário de uma equipe multiprofissional. A manutenção da residência terapêutica será feita com recursos do Sistema Único de Saúde, que em vez de repassá-los para o hospital, os reverterá para os pacientes da república. A administração dos recursos e da casa será feita pela Associação Menonita, que é uma ONG parceira do hospital e da Prefeitura de Curitiba no projeto. A psicóloga e representante da associação, Maria Ângela Johnsson, disse que a idéia é que essas pessoas conquistem sua independência, e futuramente, tenham condições de desenvolver habilidades para se auto-sustentarem.

Vagas

Essa já é a segunda experiência de residência terapêutica para pacientes com transtornos mentais em Curitiba. No ano passado outras cinco pessoas deixaram o hospital e foram morar em uma casa no bairro Tarumã. O diretor do HPNSL, Dagoberto Hungria Requião, disse que a experiência foi muito positiva e está permitindo que outras pessoas tenham a mesma oportunidade. Segundo ele, o hospital conta com cerca de 160 pacientes asilados que já estão no local há mais de dois anos. Com o programa de reinserção social sobram mais vagas para o atendimento de pacientes com quadros psicóticos agudos.

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