De vítima a agressor

Paciente rende enfermeira e quebra braço de socorrista

Uma equipe de socorristas que entrou em uma área de risco para resgatar uma suposta vítima de mal súbito, na madrugada desta segunda-feira (05), passou por minutos de terror. O “paciente” esganou a enfermeira com o cabo do microfone do rádio comunicador e quebrou o braço do paramédico. Os dois foram ameaçados de morte.

A enfermeira Mara Regina Nascimento Cordeiro, 53 anos, e o paramédico José Aparecido Rocha, 59, estavam de plantão na ambulância Bravo 4 do Samu quando, por volta de 2h30, uma mulher ligou para o telefone 192 pedindo socorro para o marido, que estaria em uma crise convulsiva na Vila Icaraí, no Uberaba.

“Eu avisei o rádio operador que já tivemos outra equipe roubada e agredida, no mesmo lugar, há 15 dias, mas eles disseram que o local estava seguro e que poderíamos ir sem apoio de viatura da Polícia Militar”, lamenta Mara.

Reféns

Quando a dupla chegou para prestar o atendimento, já foi recebida com as agressões do suposto paciente. “Ele só dizia que devíamos obedecê-lo, porque a partir daquele momento ele é quem mandava. Ele ordenou que eu dirigisse, mas em nenhum momento me indicou um destino”, conta Rocha.

O suspeito enrolou o cabo do microfone do rádio comunicador no pescoço de Mara, tirando o único meio de comunicação da dupla com a central de operações, e ameaçava Mara de morte para que Rocha cumprisse tudo o que ele mandava. A impressão era que queria apenas deixar a vila sem ser visto.

No trajeto, Rocha soltou o cinto de segurança para poder se defender de qualquer agressão, mas teve o braço quebrado pelo homem, que segurava um celular. Ainda ferido, ele conseguiu levar a ambulância até o Centro Municipal de Urgências Médicas (CMUM) do Cajuru.

“Quando eu entrei, ele ficou ainda mais nervoso e mandou que eu voltasse para a vila. Eu desci e pedi socorro, e os guardas municipais, junto com os técnicos de enfermagem que estavam lá, seguraram o rapaz”, conta Rocha. Minutos depois, a Polícia Militar foi acionada e encaminhou o agressor ao Centro Integrado de Atendimento ao Cidadão (Ciac-Sul).

Socorridos

Mara e Rocha foram até o Hospital do Trabalhador. A enfermeira sofreu alguns cortes no pescoço e o paramédico engessou o braço fraturado. Os dois realizaram exames no Instituto Médico Legal para abrir um procedimento por acidente de trabalho.

Mara garante que pedirá desligamento do Samu, onde trabalha há sete anos. Rocha, colega dela pelo mesmo período, e que já trabalhou outros 28 anos no Corpo de Bombeiros, não irá desistir. Esta é a primeira vez que ele passa por uma situação violenta durante o horário de trabalho. “A gente vai com toda a satisfação para atender quem precisa, de madrugada, e passa por uma situação drástica dessas. Mesmo assim, a gente não desanima”, afirma.

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