Amauri finalmente voltará à família,
para alegria da irmã Rosalba Calixto.

O pedreiro Amauri Calixto, de 35 anos, que passou cinco anos e dez meses internado no Hospital Universitário Cajuru, em Curitiba, sem qualquer identificação, retornou ontem para sua casa e sua família, em Lages (SC).

Amauri chegou ao Cajuru no dia 31 de dezembro de 1997, em coma, vítima de um atropelamento na Rodovia Régis Bittencourt (BR-116), na região do Trevo do Atuba, zona norte de Curitiba. O acidente gerou um traumatismo craniano que fez com que o paciente perdesse a fala e os movimentos do ombro para baixo.

“Como Amauri chegou sem identificação alguma, recorremos à imprensa para tentar localizar a família”, conta a enfermeira do setor de neurocirurgia e neurologia do Cajuru, Daiane Grande Henrique. “Foram divulgadas fotos em jornais e na TV, mas não houve sucesso. Várias pessoas à procura de familiares desaparecidos vieram ao Cajuru para vê-lo, mas ninguém o reconheceu.”

Ao chegar ao hospital pelo pronto-socorro, o paciente passou um mês na UTI (unidade de terapia intensiva), sendo posteriormente transferido para a enfermaria e para o setor de Neurologia. Em agosto começou a passar por sessões de fonoaudiologia, que lhe permitiram recuperar grande parte da fala em um período curto de tempo, o que surpreendeu os médicos e enfermeiros que o tratavam.

A primeira palavra que Amauri pronunciou foi “não”, durante uma sessão de fonoaudiologia, no dia 30 de setembro. Depois, revelou seu nome a um enfermeiro durante o banho e, na seqüência, outras informações sobre sua família e o local onde morava. “Pelas informações que o Amauri nos passou, conseguimos localizar seus parentes”, contou um dos enfermeiros responsáveis pelo paciente, Renato de Lima Almeida Júnior. “Fomos atrás de novas pistas e conseguimos localizar alguns de seus quatro irmãos, que achavam que Amauri estivesse morto”, acrescentou o outro enfermeiro, Antonione Lopes Pereira.

“Foi uma alegria para toda família descobrir que Amauri estava vivo, pois ele fugiu de casa no último dia de 1997 e nunca mais tivemos contato com ele”, disse a irmã do paciente, Rosalba Calixto. “Na época, morávamos em Clevelândia, no Sudoeste do Paraná. Daqui em diante, ele ficará sob os cuidados dos irmãos.”

Amauri teve dois filhos, mas um deles morreu, atropelado no mesmo acidente. A ex-mulher já teria se casado novamente.

SUS pagou só 11% do tratamento

Durante os quase seis anos que passou no Cajuru, Amauri teve a maior parte do tratamento custeada pelo próprio hospital. Um ano depois do acidente, o pedreiro já poderia ter recebido alta, mas como não tinha sido identificado, portanto não tinha para onde ir, o hospital decidiu mantê-lo internado.

Segundo o Cajuru, o custo diário da internação era de R$ 188,04. Apenas 11,59% das despesas foram cobertas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ao todo o paciente ficou internado 2.123 dias, o que custou R$ 357.767.96 ao hospital.

Apoio

Como a família do paciente é muito pobre, vai receber apoio do programa de ação social da Prefeitura de Lages. Em casa, Amauri deve continuar a receber tratamento de fisioterapia e fonoaudiologia. Ele foi levado de volta em uma ambulância cedida pela Secretaria da Saúde de Lages.

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