Partindo da própria vivência pelas ruas de Curitiba e ciente dos motivos que levam alguém a permanecer nessa situação, o assistente social Adilson Pereira de Souza, 35 anos, há oito anos está à frente da ONG Associação de Iniciativa Cultural Passos da Criança. O objetivo dele é fazer com que pelo menos os 60 atendidos no contraturno escolar, com idade entre 5 e 14 anos, consigam ampliar suas perspectivas de vida a ponto de não aumentarem as estatísticas de moradores de rua ou da violência na cidade, tanto como vítimas quanto como autores de crimes.

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Ele mesmo praticou alguns delitos ao viver nas ruas da cidade dos 5 aos 16 anos de idade, quando em uma ação da Chácara Meninos de 4 Pinheiros ele foi convidado a morar lá e se tornou o primeiro menino de rua da instituição. “Quando viemos do norte do Paraná para cá, a família era grande e a opção era esmolar. Aos poucos, toda a liberdade da rua acabou me cativando, tanto que a adaptação a vida no abrigo exigiram uma grande habilidade do pessoal da 4 Pinheiros”, recorda. Para ele, nenhuma criança opta pela rua sem motivos.

Daniel Derevecki
Verba para atividades só está garantida por mais um mês e meio.

“Violência familiar, abuso sexual e o envolvimento de pais com as drogas, certas vezes, fazem com que a criança se sinta mais segura na rua e, uma vez morando lá, ela cria um laço muito forte”, explica.

Na ONG, a proteção da infância a adolescência é o ponto de partida de todo o trabalho. Atividades físicas e culturais, como aulas de capoeira e informática, são desenvolvidas no local gratuitamente. Esse trabalho serve de ponto de partida para o trabalho com a família de cada criança ou jovem. “Em situações limites, o abrigo acaba sendo a melhor opção, pois o objetivo maior é a proteção de quem está sendo negligenciado pelos responsáveis”, afirma o coordenador da ONG e educador social, Fabiano Rodrigues Ferreira.

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Batalha diária por recursos

Daniel Derevecki
Adilson: vivência pelas ruas de Curitiba motivou início do trabalho.

Apesar da evolução da estrutura de atendimento da ONG nos oito anos de atividades, Fabiano diz que a manutenção do projeto é uma batalha diária. A entidade já atende dez crianças além da capacidade de recursos e, mesmo assim, a lista de espera é de 60 crianças. Recentemente, o Instituto João Ferraz Campos doou para a ONG um terreno dos fundos.

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A expectativa é que aumente o número de atendidos, mas isso demanda novos recursos. “Hoje temos informática e capoeira, mas a verba que garantiu isso termina daqui a um mês e meio. Fazer o projeto dar certo exige muito empenho e toda doação é bem vinda”, ressalta. Quem quiser contribuir com a ONG pode entrar em contato pelo telefone (41) 3016-3501 ou email: associação. iniciativacultural@yahoo.com.br