Olarias pedem socorro em São José dos Pinhais

As olarias de São José dos Pinhais estão pedindo socorro. A baixa produtividade e o preço que os tijolos alcançam no mercado não são suficientes para cobrir as despesas. Segundo o secretário municipal de Indústria, Comércio e Turismo, Edilberto Valaski, a situação preocupa porque a atividade é estreitamente de cunho familiar. Em muitos casos, o trabalho passou de geração para geração.

As olarias em São José dos Pinhais pararam no tempo. As máquinas compradas há 15 anos para aumentar a lucratividade hoje não dão conta de produzir o que é necessário. Segundo o oleiro Heitor Nogaroto, existe demanda no mercado, mas a produção não é o suficiente para dar lucro. Um financiamento com juros menores já ajudaria o setor a se modernizar.

Ele consegue produzir 200 mil tijolos ao mês e vende a R$ 60 o milheiro, o que dá R$ 12 mil. Mas no fim das contas, esse dinheiro se esvai com a compra do barro, conta de luz, lenha e pagamento de quatro funcionários. “Se as coisas não melhorarem este ano, vou parar a atividade”, revela. Heitor ainda divide o lucro com o filho que trabalha com ele. Os novos equipamentos poderiam quadruplicar a produção. Além da baixa produtividade, o oleiro reclama da concorrência desleal. Muitas olarias funcionam na clandestinidade e não pagam impostos. Conseqüentemente, o preço delas é mais baixo. “Não podemos subir mais senão a gente não vende”, reclama Heitor.

Famílias

Segundo Edilberto há 140 olarias em São José e delas dependem cerca de mil pessoas. A atividade que acompanhou o desenvolvimento da cidade, agora corre o risco de desaparecer. Só no caminho para a olaria de Heitor duas unidades já estavam abandonadas. O secretário explica que o setor ficou por muito tempo abandonado pelo poder público. Ele defende a implantação de linhas crédito para compra de novos equipamentos. Além disso, os oleiros enfrentam problemas com os órgãos ambientais para a retirada do barro. As famílias são pobres e não têm como arcar com as multas. “Seria necessário um trabalho em parceria, orientando os oleiros”, defende.

Outra triste conseqüência é a falta de registro na atividade. Muitos proprietários não têm como arcar com os encargos sociais. Para garantir o emprego, as pessoas aceitam o vínculo precário de trabalho. Além disso, em muitas olarias as crianças acabam ajudando na produção, evitando a contratação de mão-de-obra. A baixa rentabilidade também é responsável pela clandestinidade.

Para tentar melhorar a qualidade de vida dos oleiros, a Prefeitura da cidade está elaborando um projeto para impulsionar o setor. Uma das alternativas seria a diversificação da atividade, através da produção de peças de cerâmicas.

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